"A gente passava por necessidade mesmo, mas passava acelerando e rezando, porque era muito fácil de ser pego pelos bandidos", diz Juscelino Almeida Lobo, 46.
Caminhoneiro há duas décadas, ele narra como era passar pela avenida Jacu-Pêssego (zona leste), temida pelo alto índice de roubo de cargas.
Desde o início do ano, relatos como esse são mais raros. O número de roubos de crimes do tipo na via caiu 58% de janeiro a maio em relação ao mesmo período de 2014 –de 62 para 26.
Considerando todo o Estado, também houve queda no número de roubos de carga, mas menor (11%). No acumulado do semestre, a alta é de 2,8% em comparação com o mesmo período de 2014.
EXPLICAÇÃO
A polícia atribui a queda de roubos na Jacu-Pêssego ao patrulhamento, mas caminhoneiros têm outra explicação. Também conhecida como Nova Trabalhadores, a avenida era muito usada por ser a principal ligação entre as rodovias Ayrton Senna e Dutra e o litoral, por meio do sistema Anchieta/Imigrantes.
Com a abertura do primeiro trecho do Rodoanel Leste, há um ano, muitos caminheiros deixaram de usar a via, como é o caso de Juscelino. Segundo os profissionais, o trânsito e os semáforos da Jacu-Pêssego favoreciam a ação dos criminosos.
"Subiam no estribo, ameaçavam o motorista e levavam o caminhão embora com a carga toda", conta Márcio Aparecido, 27.
Agora, a preocupação dos caminhoneiros é evitar que o Rodoanel Leste se transforme no novo foco das quadrilhas –não há base exclusiva da polícia no trecho leste.
Meses após ser inaugurado, em 2010, o Rodoanel Sul teve onda de roubos que levou seguradoras a vetarem o uso do trecho por empresas de carga.
A Polícia Militar diz que, com ações de policiamento, prendeu 127 pessoas na região da Jacu-Pessego de janeiro a maio. A Secretaria da Segurança diz que combate o roubo de cargas "com diversas iniciativas, como a assinatura de convênios com as empresas de carga e transportadoras para que as polícias tenham acesso às imagens dos grandes depósitos".