Folha de S. Paulo


Entregador de pizza é morto em ação do Bope; familiares fazem passeata

Cerca de 200 pessoas realizaram na tarde desta terça-feira (30) uma manifestação em protesto contra o assassinato do entregador de pizza Rafael Neri, 23 –morto durante uma operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no último final de semana no morro da Coroa, no centro do Rio de Janeiro.

A família diz que Neri foi baleado e morto por policiais do Bope (tropa de elite da PM fluminense) enquanto trabalhava. À Folha a corporação disse que apura o caso.

O protesto começou após o enterro do jovem, que ocorreu durante no cemitério do Catumbi, na zona norte da cidade. Vestidos com camisas com a imagem do rosto de Rafael, parentes e amigos fizeram uma passeata em direção ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual.

Eles queria ser recebidos pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), mas não conseguiram.

O grupo marchou cerca de 4 km e chegou a fechar o túnel Santa Bárbara, uma das principais ligações na zona sul da cidade.

"Rafael nunca foi envolvido com nada errado. Ele sempre foi trabalhador e estava entregando pizza [na hora do crime]. Colocaram o Rafael como um indigente para parecer que era traficante, mas não era", afirmou Ricardo Farias, 24, amigo de Neri.

Segundo ele, depois de ser baleado, documentos e roupas de Neri desapareceram.

Para Diego Pardim, outro amigo de Neri, a morte dele precisa ser um marco na luta contra operações policiais do tipo.

"Nós queremos uma resposta. Isso é inaceitável. Um rapaz de 23 anos é executado e chamado de bandido? Queremos que o governador faça algo para prender quem assassinou meu amigo."

De manhã, questionado por jornalistas sobre o caso, Pezão não falou com a imprensa. Apenas informou que se encontraria mais tarde com oficiais do comando da PM para discutir o assunto.

Representantes do governador disseram ao parentes de Neri que Pezão irá agendar um encontro com os familiares.

Em nota, a PM informou que o o comando do Bope instaurou inquérito para apurar o caso. As armas dos policiais foram apreendidas pela 5ª DP (Distrito Policial) e encaminhadas para perícia.


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