Folha de S. Paulo


Alckmin e Cardozo vão discutir maioridade nesta terça-feira

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), vai debater com a equipe da presidente Dilma Rousseff (PT) sua proposta alternativa à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

O tucano marcou encontro nesta terça (9) com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar do tema.

A reunião vai acontecer menos de uma semana depois de o governador defender em entrevista ao jornal "O Globo" um projeto que prevê a ampliação do período de internação máxima de menores infratores, de três para oito anos.

Alckmin vê a proposta como uma alternativa à simples redução da maioridade penal. O tucano tem tratado a articulação com o governo e setores do PT com cautela.

Ele teme melindrar integrantes de seu próprio partido, que tem feito oposição sistemática à petista no Congresso, e o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que encampa a tese da redução da maioridade na Casa.

Por isso, Alckmin tem mantido contato quase constante com o peemedebista. Nesta segunda (8), por exemplo, os dois conversaram por telefone —Cunha está na Rússia em missão oficial— e agendaram reunião para quinta (11).

Aliados do governador relatam que Cunha dá sinais de que vai colocar em votação tanto a proposta de Alckmin quanto a que reduz a maioridade penal. Cunha tem afirmado que não vê "conflito" entre as duas teses.

ESTRATÉGIA

A aproximação do Planalto com Alckmin é uma operação do governo para esvaziar a estratégia do deputado.

O governo avalia que, se a proposta encampada pelo tucano passar na Câmara, ainda que os deputados também votem a favor da redução da maioridade penal, fica mais fácil manobrar no Senado para segurar a segunda medida.

Dilma e seus ministros também discutiram a ausência de dados nacionais sistematizados sobre a criminalidade juvenil. A Folha mostrou neste domingo (7) que o Brasil não tem estatísticas que dimensionem a participação de jovens nos crimes no país.

Cardozo reconheceu ser preocupante o fato de o governo não ter dados sobre a participação de menores de idade em ações criminosas.

Um dos pontos principais discutidos por Dilma e ministros é a defesa do aumento da pena de adultos que aliciam jovens no crime. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) já apresentou projeto com teor semelhante.


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