Folha de S. Paulo


Agentes financiaram reforma de muro em presídio rebelado na Bahia

Cansados das fugas constantes, agentes penitenciários do presídio de Feira de Santana resolveram fazer uma "vaquinha" para aumentar a altura do muro que cerca o local. A obra foi tocada pelos próprios presos.

O presídio, a 109 km de Salvador, foi palco de uma rebelião neste domingo (24) que deixou nove presos mortos, sendo dois decapitados. A prisão está superlotada.

A obra foi iniciada em junho de 2014 por iniciativa dos agentes. Com a reforma, o muro foi ampliado de 3,8 metros para 5 metros.

"Do jeito que era, se um preso subisse no ombro do outro, conseguia alcançar o muro com as mãos. Por isso, as fugas eram constantes", afirma Reivon Pimentel, coordenador do sindicato dos agentes da Bahia.

Até a realização da obra, seis fugas haviam sido registradas no presídio em 2014.

Ao todo, os agentes, que recebem cerca de R$ 2.700 ao mês, arrecadaram R$ 1.500 para a obra —cada um deu entre R$ 20 e R$ 100.

O secretário estadual de Administração Penitenciária, Nestor Duarte, classificou a obra como "ridícula". Segundo ele, já havia o plano de uma reforma maior, ao custo de R$ 20 milhões, mas os agentes estavam apoiando o candidato da oposição. "Fizeram isso em plena campanha política, para tomar lado. Mas nós vencemos as eleições", afirmou o secretário da gestão de Rui Costa (PT).

A obra tocada pelo governo, que deve ser inaugurada em dez dias, vai ampliar o número de vagas de 616 para 1.300. Atualmente, o presídio tem cerca de 1.400 presos.

Iniciada por volta das 14h de domingo, a rebelião só foi encerrada cerca de 20 horas depois, nesta segunda (25).

Cerca de 80 familiares de presos foram feitos reféns e liberados após o fim das negociações com a polícia. Nenhum deles ficou ferido.

A rebelião começou após uma briga de facções.


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