Folha de S. Paulo


Dívida com traficantes teria motivado chacina em torcida do Corinthians

Danilo Verpa/Folhapress
Velório do músico Mydras Rizzo, 38, uma das vítimas da chacina enterrada nesta segunda-feira (20) na zona oeste de SP
Velório do músico Mydras Rizzo, 38, uma das vítimas da chacina enterrada nesta segunda-feira (20)

Uma dívida entre traficantes e Fábio Neves Domingos, 34, pode ter motivado a chacina em sede de torcida organizada do Corinthians. Ele e outros sete integrantes do Pavilhão Nove, que fica na zona oeste de São Paulo, foram mortos no sábado (18).

Domingos, tido pelos policiais como único alvo do ataque, foi preso há 20 dias com uma carga de cocaína. Para ser liberado, segundo investigação do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), ele teria oferecido dinheiro a policiais –que ainda não foram identificados.

Como a droga foi apreendida na ação, ele ficou em dívida com os traficantes.

Domingos já tinha sido preso por tráfico de drogas e atuaria agora na venda de entorpecentes. Ele também foi um dos corintianos detidos em 2013 na Bolívia sob a acusação de terem lançado o sinalizador que atingiu e matou um jovem torcedor local numa partida da Libertadores.

Dos três supostos criminosos (nenhum deles estava encapuzado durante os assassinatos), a polícia já sabe os primeiros nomes de dois deles: Domênico e André. Mas nenhum deles havia sido preso até a noite desta segunda-feira (20).

Até o momento, a polícia trabalha com a hipótese de que Domingos fosse um traficante independente, sem ligações diretas com alguma facção criminosa do Estado.

Segundo testemunhas, 12 homens estavam no local no momento da chegada dos assassinos. Três conseguiram escapar e outro, um faxineiro, foi poupado –enrolado numa faixa da torcida, disse só ter ouvido os disparos.

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Os oito restantes, com idades entre 19 e 38 anos, foram mortos com tiros na região da cabeça, após terem sido obrigados a deitar no chão –cápsulas de pistola de 9 mm foram encontradas no local.

Domingos, que seria o foco dos criminosos, levou um tiro na nuca e outro no braço direito, segundo a polícia. Ele teria discutido com um dos assassinos antes da chacina.

Um dos feridos ainda conseguiu pedir ajuda num posto de combustíveis ao lado da sede da torcida organizada, mas morreu em seguida no hospital.

Segundo o delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, a polícia conseguiu informações dos dois suspeitos por meio de interceptações telefônicas do Denarc (departamento de narcóticos), que monitoraram conversas entre traficantes e as vítimas.

Desde o início das investigações, a polícia sempre descartou a ligação desse crime com as brigas entre torcidas.

De qualquer forma, no domingo (19), policiais se infiltraram nas arquibancadas do Itaquerão, durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, para levantar mais informações sobre o caso.

A Pavilhão Nove foi fundada em 1990, numa homenagem de amigos corintianos ao time de futebol da antiga casa de detenção do Carandiru.

Esse foi o quarto caso de assassinatos em série na capital em menos de dois meses, num total de 28 mortos.

Editoria de Arte/Folhapress

Imagens de câmera de segurança divulgadas pela TV Globo


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