Folha de S. Paulo


Auxiliar de cinegrafista é ferido onde estudante foi morto na zona sul do Rio

O auxiliar de cinegrafista Marcello Doria, 47, do núcleo de jornalismo do SBT, foi ferido na cabeça, na tarde desta sexta-feira (9), ao tentar ajudar uma mulher que estava sendo assaltada no mesmo local em que um estudante foi morto, na noite de quinta (8), em Botafogo, na zona sul do Rio

Doria foi atingido por uma garrafa de vidro na cabeça, arremessada por um dos sete adolescentes que cercaram a mulher num ponto de ônibus. "Fui socorrer a moça e acabei atingido na cabeça quando segurei um dos assaltantes", disse o auxiliar de câmera à Folha.

Doria foi levado por colegas ao Hospital Municipal Rocha Maia, o mesmo que atendeu Alex Bastos. Ele tomou injeção antitetânica, foi medicado e liberado.

A mulher abordada pelos assaltantes teve o celular roubado. Os adolescentes se separaram e fugiram em direções opostas. A Polícia Militar foi acionada e chegou apenas 15 minutos depois do crime.

Diana Brito/Folhapress
Auxiliar de cinegrafista do SBT fica ferido após levar garrafada em assalto na região do Botafogo, zona sul do Rio
Auxiliar de cinegrafista do SBT fica ferido após levar garrafada em assalto no Botafogo, zona sul do Rio

Na noite de quinta, a vítima foi o estudante de biologia Alex Schomaker Bastos, 23. Ele morreu após levar seis tiros em uma suposta tentativa de assalto na rua General Severiano, próximo ao campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Assaltos têm sido frequentes no local. Testemunhas ouvidas pela Folha, que viram o assalto, disseram que o jovem tinha acabado de sair da UFRJ e esperava o ônibus em um ponto. Dois homens em duas motos subiram na calçada, se aproximaram dele e iniciaram o assalto.

"Eles deram a volta na ciclovia e abordaram ele, que estava com uma mochila. Roubaram a carteira e o celular dele. Quando os bandidos guardavam os pertences roubados e se preparavam para fugir, o rapaz partiu pra cima, pulou em um e segurou na cintura dele", contou à reportagem uma testemunha, que pediu para não ter o nome divulgado.

"Ao ser golpeado, o bandido que estava na moto da frente deu três tiros no Alex, que andou para trás com os disparos. O outro assaltante gritou em cima da moto: 'Mata! Mata logo esse filho da p...'. Logo foram disparados outros três tiros", detalhou.

Três tiros atingiram as pernas do jovem, dois o abdômen e um as costas. O estudante chegou a ser levado ao hospital Rocha Maia, em frente ao local do crime. Depois, ele foi transferido para o hospital Miguel Couto, na Gávea (zona sul), pela gravidade dos ferimentos, mas não resistiu e morreu durante uma cirurgia.

A reportagem procurou familiares de Alex Bastos, mas eles não foram encontrados. O corpo do estudante deve ser cremado neste sábado (10).

Policiais da Divisão de Homicídios do Rio, na Barra da Tijuca (zona oeste), investigam o caso. Na manhã desta sexta, eles buscaram imagens de câmeras de trânsito e de prédios próximos para tentar identificar os criminosos.

NOVOS ATAQUES

Moradores e comerciantes temem novos ataques criminosos e dizem que a área raramente recebe ronda policial. "Fui assaltada aqui na esquina há uma semana, na noite de sexta (2). Um amigo meu foi roubado na minha frente, nesta segunda (5). Já falamos com a polícia, mas a praça continua abandonada", afirmou uma moradora, de 32 anos.

Uma funcionária da banca de jornal que funciona na praça disse que a violência fez ela mudar a rotina de trabalho. "Agora eu fecho mais cedo assim que escurece", afirmou.

De acordo com o 2º Batalhão da PM, em Botafogo, há ronda na região 24 horas por dia com equipes policiais em carros. "Uma moto também percorre o bairro, além de ter duas cabines da PM: uma próxima ao shopping Rio Sul e outra no bairro [vizinho] da Urca", informou, em nota, a polícia.


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