Durante décadas, Ana Alice tratou de temas duros em sua militância e pesquisa acadêmica, mesmo assim, mantinha sempre o riso no rosto. Era com a voz calma que falava da luta contra a violência e pela autonomia da mulher no país.
"Ela era uma pessoa que não abria mão de suas posições. Mas era um luta com humor, com ironia", conta a professora e amiga Cecília Maria Bacellar Sardenberg, também feminista.
Com Cecília, Ana Alice fundou o primeiro grupo de pesquisa sobre questões de gênero da Bahia, na UFBA (Universidade Federal da Bahia).
Antes disso, nos anos 70, já tinha formado também o primeiro grupo feminista do Estado, Brasil Mulher.
Dedicou-se às causas feministas, combate à violência doméstica, a legalização do aborto e o estudo da inserção da mulher na política.
"Seu legado ficará para todas as gerações" escreveu em nota a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
Além dos estudos, Ana Alice tinha um compromisso inadiável: o encontro com as amigas em algum bar de Salvador às sextas-feiras.
E quando o Carnaval chegava à Bahia, tornava-se mais uma foliã fantasiada nos blocos de rua de Salvador.
Mesmo em tratamento de um câncer, continuou viajando pela Bahia para ministrar seus cursos e palestras.
Morreu aos 63 anos na sexta-feira (26), de câncer pancreático. Deixa dois filhos e quatro netos —o mais novo, Inácio, ainda não nasceu, mas deve vir ao mundo ainda nesta semana.