Havia quem não acreditasse ainda estar vivo o dono do registro 716 no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Vicente Pedro Marano, 87, porém, não apenas estava bem vivinho como carimbou seu CRM em receitas até o dia 8 de outubro.
Referência em medicina do trabalho, nos últimos tempos atuava apenas no Sindesporte (sindicato dos profissionais da área de esporte), mas já foi conselheiro da OIT (Organização Internacional do Trabalho) na América Latina, quando morou em Lima, no Peru, por cerca de dois anos.
Vicente integrou diversas entidades ligadas à especialidade e escreveu quase uma dezena de livros sobre o assunto, além de ter dado aulas —até os 83—, inclusive para engenheiros de segurança.
Era um fã do futebol, mas extremamente crítico. Mesmo quando o Corinthians, seu time do coração, estava jogando bem, ele sempre soltava algum comentário como "Não estou gostando".
E, claro, ficou muito indignado com o derrota do Brasil para a Alemanha por 7 x 1 na Copa do Mundo deste ano.
No dia a dia, no entanto, era afável, calmo e brincalhão. Gostava de contar sobre as visitas que fazia ao avô paterno, que morava na Mooca, zona leste de São Paulo, e que sempre tinha debaixo do braço um garrafão de vinho feito por ele mesmo.
Morreu no domingo (30), em decorrência de complicações respiratórias. Há pouco mais de um ano, ficou viúvo de Olga, com quem foi casado por 58 anos. Deixa os filhos, Ricardo, Renato e Reinaldo —os dois primeiros também médicos—, e cinco netos.