Folha de S. Paulo


Bispo orienta fiéis a rezarem por chuva em Bauru

A crise no abastecimento de água em Bauru (a 342 km da capital paulista) levou o bispo Caetano Ferrari a comandar uma campanha por chuva na cidade. O religioso divulgou um comunicado no qual recomenda aos padres e fiéis "rezarem fortemente, suplicando a Deus a bênção da chuva".

Coincidência ou não, logo após o apelo do bispo, feito na semana passada, voltou a chover na cidade, aliviando o problema da falta de água.

Segundo o DAE (Departamento de Água e Esgoto), choveu justamente na região da nascente do rio Batalha, em Agudos, cidade vizinha. Isso fez com que o reservatório que abastece 130 mil pessoas (38% da cidade) saísse do nível considerado muito crítico.

Os demais moradores de Bauru são abastecidos por meio de poços profundos, que retiram água de aquífero subterrâneo.

O nível do reservatório abastecido pelo rio Batalha chegou a 2,60 metros com as chuvas da semana passada –o nível máximo do reservatório. Antes da chuva que caiu durante a semana, o nível estava em 1,32 metro.

Mesmo assim, o rodízio iniciado em outubro vai continuar. De acordo com o DAE, a medida será mantida por precaução.

Paulo Macarini
Região do manancial que usa água do rio Batalha para abastecer parte de Bauru (SP)
Região do manancial que usa água do rio Batalha para abastecer parte de Bauru (SP)

"A água é vida para toda a natureza: as plantas, os animais e os seres humanos", disse o bispo ao justificar seu pedido de reza coletiva. "Permaneçamos assíduos na oração."

A dona de casa Ângela Fassoni, que chegou a usar água do ar condicionado para limpar a casa no auge da crise, é católica e seguiu a recomendação do religioso. "Rezei o terço. Ele sempre resolve tudo", conta.

Ângela, no entanto, prefere não "culpar" apenas São Pedro pela falta de água. Aponta a falta de investimentos públicos na rede de abastecimento.

'DISQUE CAMINHÃO-PIPA'

No auge do problema, em outubro, o DAE chegou a receber 200 pedidos diários de caminhão-pipa, a única solução para bairros que ficaram até uma semana sem água.

Moradores de dois bairros prejudicados pelo desabastecimento protestaram contra a prefeitura durante a crise.

O celular do prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB), cujo número é conhecido por grande parte da população, virou uma espécie de central de reclamações. "Meu telefone virou disque caminhão-pipa", disse ele na ocasião.

Além dos católicos, índios terenas também apelaram para o misticismo em busca de água. Na segunda-feira (3) de manhã, moradores da Terra Indígena Araribá, em Avaí (a 39 km de Bauru), fizeram a dança da chuva.

Na tarde do mesmo dia começou a chover.


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