Durante aproximadamente um ano, Dilermando Lopes Tabeleão e sua mulher, Vera Lucia, não dormiam mais que duas horas por noite. Para darem conta de manter o bar Liberdade aberto 24 horas por dia, sete dias por semana, só descansavam entre as 4h e as 7h, e um de cada vez.
Foi essa a maneira que o casal encontrou para juntar mais dinheiro e então comprar a parte do negócio que pertencia a um sócio.
Objetivo cumprido, Dilermando não deixou de se dedicar intensamente ao trabalho. O horário foi reduzido, mas as portas continuavam abertas diariamente.
No almoço, o espaço funcionava como restaurante popular; à noite, abrigava músicos da cidade, a gaúcha Pelotas, que buscavam um espaço para se apresentar.
Aberto em 1974, o bar aos poucos se tornou reduto do choro e do samba no centro pelotense, conquistando de jovens a "coroas de 80". Artistas nacionais, como Alcione, Ney Matogrosso e Yamandu Costa, por lá passaram.
Ao mesmo tempo, mantinha o espírito interiorano. Recebia encomendas para uma comunidade da zona rural de Pelotas, e os moradores, a maioria descendentes de alemães, ainda usavam o local como ponto de ônibus.
Tudo foi registrado no documentário musical "O Liberdade", dirigido por Cíntia Langie e Rafael Andreazza.
Dilermando morreu no domingo (26), aos 65 anos, de câncer. Deixa Vera Lucia, os filhos, Vinícius e Leandro, e os netos, Ana Luiza e Cassio.
A missa do sétimo dia será realizada neste sábado (1º), a partir das 17h30, na Catedral São Francisco de Paula.