Folha de S. Paulo


Operação prende 26 suspeitos de tráfico de drogas em área de UPP

A Polícia Civil prendeu 26 pessoas nesta quinta-feira (18) no Complexo do Alemão (zona norte do Rio), das quais 17 já estavam sob investigação por tráfico. Entre os presos está Edson da Silva Souza, 27, conhecido como Orelha, apontado pela polícia como chefe do tráfico no complexo.

A ação é resultado de investigações que tiveram início em janeiro. Em nove meses, ficou comprovado que, apesar da existência de quatro UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no local, o tráfico de drogas voltou a dar as ordens no complexo.

Em 4 de agosto, a Folha mostrou que os tiroteios diários na região eram resultado da volta de traficantes. Os criminosos intimidavam até os policiais das UPPs, que evitavam patrulhar alguns pontos.

Na semana passada, o capitão Uanderson da Silva, comandante de uma das UPPs do Alemão, foi morto na favela com um tiro no peito.

A polícia não esclareceu se algum dos presos nesta quinta está envolvido diretamente na morte do capitão.

As investigações de policiais da 45ª DP e da Subsecretaria de Inteligência mostram que os criminosos planejaram ataques e saques para reagir à ocupação policial.

Para isso, arregimentaram adolescentes (oito foram identificados) e traficantes sem antecedentes criminais.

Em 24 de fevereiro, em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, Igor de Freitas, conhecido como King, dá ordens aos comparsas para "descerem e arrebentarem os policiais: atirar consciente". Ele está foragido.

A falta de controle no complexo levou os criminosos a montar uma espécie de "hospital para o tráfico" no interior da comunidade.

O local serviria para tratar criminosos feridos em confrontos com PMs das UPPs ou do Bope, que reforçam o policiamento na favela. Assim, os traficantes evitariam que os feridos acabassem internados em unidades públicas e assim, presos facilmente.

"As manifestações, assim como saques em mercados e ataques às UPPs ou UPas (Unidades de Pronto-Atendimento) foram ordenados pelo tráfico de drogas", afirmou o delegado Felipe Curi, que iniciou as investigações quando chefiava a delegacia instalada na favela em 2013.

As ameaças de morte levaram Curi a ser transferido da comunidade.

Na denúncia elaborada por três promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), há relatos de que os traficantes não apenas voltaram ao complexo como passaram a atacar os policiais.

Os criminosos estão fazendo com que a favela volte a servir de ponto de apoio a outras comunidades da facção Comando Vermelho.

As investigações mostraram que drogas foram enviadas de lá para a favela do Rola, em Santa Cruz, na zona oeste da cidade, a 40 quilômetros do Alemão.


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