Folha de S. Paulo


Aluno de 15 anos baleado na escola segue em estado grave no Rio

É grave o estado de saúde do jovem T. B., atingido por uma bala perdida na nuca enquanto estava dentro da sala de aula, na Cidade de Deus, no Rio. Ele está internado no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul.

A cirurgia para retirada da bala foi bem-sucedida, mas os médicos não informaram se ele ficará com sequelas. Eles afirmaram que o garoto deve ficar em observação na Unidade Semi-intensiva por pelo menos 48 horas.

O jovem de 15 anos foi atingido na cabeça por uma bala perdida, na manhã desta quarta-feira (13), por volta das 9h, dentro de uma sala de aula, na Escola Municipal Alberto Rangel, na Cidade de Deus, favela da zona oeste do Rio ocupada pela polícia pacificadora há cinco anos.

Funcionários do colégio ouvidos pela Folha disseram que o garoto, do 7º ano, assistia a aula de geografia quando foi atingido pelo tiro, que entrou pela janela da sala. Nenhum disparo foi ouvido na região. Funcionários e estudantes disseram que só repararam que o adolescente tinha sido atingido por causa do estrondo na vidraça estilhaçada da janela.

"Foi muito rápido. Ele estava sentadinho e caiu da carteira com o tiro na nuca. Parece que a sorte dele foi que a bala veio de longe e já não tinha tanta força. A gente acredita que tenha vindo do Karatê [área vizinha com maior índice de criminalidade na Cidade de Deus]", disse uma funcionária da escola, que pediu para não ter o nome divulgado.

Alunos contaram que, assim que o estudante foi baleado, o professor de geografia Jonatha Silva pegou-o no colo e o levou de carro - junto com outros funcionários - para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da comunidade. De lá, o menino foi transferido para o hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio. A Secretaria Municipal de Saúde explicou que ele foi transferido para a unidade do outro lado da cidade por ela ser referência em neurocirurgia.

A Folha tentou falar com os pais do adolescente, mas eles não foram localizados no hospital. O caso está sendo investigado pela 32ª DP (Taquara).

De acordo com a coordenação das UPPs, não houve registro de confrontos nesta quarta na favela.

A Secretaria Municipal de Educação afirmou que uma equipe da unidade escolar acompanha a recuperação do aluno. A pasta diz que presta apoio aos familiares e colabora com as investigações para saber de onde partiu o tiro.

"A secretaria lamenta profundamente o ocorrido e solidariza-se com a família do aluno, com os professores e com todos os funcionários da unidade escolar. As aulas da escola foram suspensas nesta quarta-feira", afirmou, em nota, a Secretaria de Educação.

A diretora do colégio não quis atender à reportagem. O carro dela foi depredado com pedras por moradores. A escola fica na localidade conhecida como Quadra 13. Na tarde de ontem, o clima era tenso no local.

Policiais fizeram buscas para localizar suspeitos do crime, mas ninguém foi preso.


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