Folha de S. Paulo


Moradores de rua invadem secretaria contra fim de espaços de convivência

Ao menos 30 moradores de rua invadiram na tarde desta quarta-feira (6) o prédio da Secretaria de Direito Humanos, na região central de São Paulo. O ato acontece após a prefeitura anunciar o fechamento de dois espaços de convivência, conhecidos como tendas, responsáveis pelo atendimento de 400 moradores de rua por dia.

O grupo invadiu a secretaria, que fica na rua Líbero Badaró, por volta das 16h e continuava no local às 19h30. Eles pedem uma reunião com representantes da pasta para discutir o fechamento das tendas. Por volta das 19h30, todas as entradas da secretaria estavam ocupadas por guardas civis metropolitanos, mas não havia registro de tumultos.

Os moradores de rua também pedem uma reunião com a secretária Luciana Temer, da secretaria de Assistência Social. A prefeitura quer que os manifestantes formem uma comissão para ser recebida amanhã, mas o grupo exige um encontro ainda hoje e com todos eles presentes.

Davi Ribeiro/Folhapress
Moradores de rua invadem Secretaria de Direitos Humanos contra fim de espaços de convivência
Moradores de rua invadem Secretaria de Direitos Humanos contra fim de espaços de convivência

Atualmente, os moradores de rua usam as tendas, abertas em abril de 2012 sob dois viadutos, para lavar roupas, tomar banho, fazer cursos de corte de cabelo e artesanato. No local, eles também recebem auxílio psicológico e para tirar documentos. Os cerca de 80 empregados da tenda, todos terceirizados, assinaram aviso prévio na terça (5).

Segundo Luciana Temer, o movimento desta quarta é resultado da articulação das pessoas demitidas com o fechamento de duas das seis tendas. Ela afirma que a desativação foi pedida pelos próprios moradores de rua, que agora serão encaminhados para espaços com mais recursos.

O padre Julio Lancellotti, que participa do ato dos moradores de rua reclamou do prazo estabelecido para o fechamento das tendas. "Nós não queremos o prazo de 2 de setembro para acabar com a tenda, queremos uma flexibilização e discussão para melhorias da proposta."

A Secretária Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou que as atividades nas tendas serão encerradas "por conta dos serviços não atenderem os objetivos propostos, além de estarem com problemas estruturais por serem instaladas nos baixos de viadutos".

Os moradores de rua serão encaminhadas para os núcleos São Martinho de Lima e Casa Restaura-me, que, segundo a prefeitura, ficam na região e tiveram a capacidade de atendimento ampliada. O São Martinho passou de 350 atendimentos diários para 600. Já a Casa Restaura-me ganhou mais 150 vagas.

A Subprefeitura da Mooca informou que consultará associações, polícia e moradores sobre "qual é o uso adequado" para os locais onde estão as duas tendas.


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