Folha de S. Paulo


Empresa contrata beneficiários de programa anti-crack da prefeitura

Dezesseis participantes do "Braços Abertos", programa que atende usuários de crack, foram contratados por uma empresa que presta serviços para a prefeitura.

Eles vão trabalhar como auxiliares de limpeza em centros de assistência social e receberão R$ 820 por mês, além de benefícios como cesta básica, vale-alimentação e transporte.

Em até 45 dias, eles serão transferidos do hotel onde estão, na Luz, para outros dois alugados pela prefeitura na Liberdade e no Bom Retiro.

Segundo a secretária de Assistência Social, Luciana Temer, o grupo deve continuar o tratamento nos Caps (centros de atenção para usuários de álcool e drogas).

"Eles se desligam do programa para abrir espaço para outros, mas continuam com apoio da assistência social", afirma.

Nesta terça (5), beneficiários receberam as carteiras de trabalho, assinadas pela empresa de limpeza Guima Conseco.

"É a mesma coisa que estar no céu", disse Elenildo Cavalcanti, 36, vestido com o novo uniforme.

O sócio-diretor da empresa, Carlos Guimarães, diz que as negociações começaram há dois meses. Desde então, o grupo passou por entrevistas e treinamento.

"Teve gente que já foi ao local de trabalho para ver quanto tempo leva e não chegar atrasado", conta.

Ele se refere a Ieda Santos da Silva, 56, que ficou conhecida após tirar uma foto com o príncipe Harry durante a Copa.

Na última semana, ela fez o trajeto de metrô até o novo local de trabalho, na Vila Mariana. E diz que já tem planos para a nova rotina.

"Vou acordar 4h, tomar banho, café, devagarzinho. Começo a trabalhar às 7h, mas se eu chegar adiantada eu posso esperar no portão", disse ela.

BRAÇOS ABERTOS

O programa Braços Abertos foi lançado em janeiro pelo prefeito Fernando Haddad (PT) na cracolândia. A proposta prevê o pagamento de R$ 15 por dia de trabalho a 420 usuários de crack da região.

Destes, a maioria trabalha como gari nas ruas. Enquanto isso, recebem hospedagem em quartos de hotel, alimentação e tratamento médico e psicológico.

Ontem, o prefeito rebateu as críticas ao programa e disse que ele foi planejado com os usuários. "Nós entendíamos que a solução não podia vir de cima para baixo. De cima pra baixo veio bomba, veio bala de borracha, veio tudo, só não veio a solução", disse Haddad.

Em 2012, uma operação policial de combate ao tráfico impediu usuários de se concentrarem na cracolândia. Meses depois, eles voltaram à região.


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