Folha de S. Paulo


Coordenadora do MTST afirma que há 4.000 sem-teto em área no Morumbi

O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) afirma que a ocupação conhecida como Portal do Povo, na região do Morumbi, na zona oeste de São Paulo, tem 4.000 famílias, mas elas fazem um "revezamento natural" –e, por isso, não ficam 24 horas por dia nem dormem diariamente ali.

A Folha esteve por dois dias seguidos no local, em horários diversos, e verificou que a maioria das barracas montadas no terreno de 60 mil metros quadrados só serve para demarcar território –e tentar vaga futura no cadastro da casa própria.

De acordo com a coordenação do movimento, porém, entre 500 e 1.000 barracas permanecem ocupadas todas as noites em sistema de rodízio –que, segundo o MTST, é realizado de forma espontânea, e não programada.

Essa situação não foi constatada pela Folha nos dois dias em que esteve no local, no Morumbi, na zona oeste.

Segundo Ana Paula Ribeiro, uma das coordenadoras do MTST, não há exigência de que as pessoas abandonem os lugares onde estão vivendo para se estabelecer nas barracas do terreno.

"Sem-teto não é só aquela pessoa que mora na rua e vai para uma ocupação dormir lá. São pessoas que moram na grande maioria das vezes em situação muito precária, em casas de madeirite, em beira de rio, pagam aluguel ou vivem de favor", afirma.

Ana Paula diz ainda haver a preocupação de não colocar as pessoas em risco em uma área como a do Portal do Povo -em que a construtora Even, proprietária do terreno, já conseguiu na Justiça a reintegração de posse, que pode ser cumprida pela Polícia Militar.

Para ela, as negociações com o poder público em busca de uma solução para o impasse não são dificultadas pelo desencontro de informações -sobre o número de ocupantes do Portal do Povo e o número de pessoas que, de fato, passam as noites e os dias no local.

"Temos condições de provar que são 4.000 famílias ali. O problema é que muitas vezes a imprensa e o poder público vão lá um dia ou outro e temos uma ocupação em que 90% trabalham", diz.

Natalia Szermeta, também coordenadora do MTST, diz que o objetivo do movimento em algumas das invasões é pedir a desapropriação do terreno e construção de moradias populares. Em outras, é mostrar ao poder público e à sociedade que existem áreas livres na cidade que podem fazer parte de programas habitacionais.


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