Folha de S. Paulo


MTST faz novo protesto e bloqueia parte da marginal Pinheiros

Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) fazem na manhã desta segunda-feira (7) um novo protesto na capital. Os manifestantes falam em 1.500 manifestantes enquanto a PM diz que são cerca de mil pessoas.

Os manifestantes fazem parte da ocupação Portal do Povo, no Morumbi (zona oeste de São Paulo). O grupo, segundo o MTST, reivindica a construção de moradia popular.

O movimento fez a concentração no largo da Batata, na zona oeste, e depois seguiu em marcha pela avenida Brigadeiro Faria Lima até chegar na construtora Even, proprietário do terreno invadido na zona oeste. O grupo pretende se reunir com representantes da empresa para pedir explicações sobre a situação do terreno e, segundo a liderança do MTST, tentar negociar alguma área para a construção de moradia popular.

PRESOS NO ALMOÇO

Os manifestantes fecharam a entrada da construtora, que fica na pista local da marginal, e não permitem ninguém entrar nem sair do prédio. Motoboys que foram fazer a entrega no local estão impedidos de entrar e chegaram a jogar encomendas pelo portão para os funcionários.

Sem poder sair para o almoço, os funcionários da construtora pediram almoço na rede de restaurantes América. O valor da conta superou R$ 1.000, segundo nota mostrada poi um dos motoboys que fazia a entrega por volta das 12h40. Nenhum funcionário apareceu para receber a encomenda e os entregadores foram embora.

"Vamos segurar o protesto mais um pouquinho, sei que todo mundo está com fome, que deu a hora do almoço, mas um consolo que nós temos é que, se nós estamos com fome aqui fora, eles lá dentro também estão porque a comida que chegou pra eles, teve de voltar sem entregar", disse Boulos.

De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), os manifestantes interditam três faixas da marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco. Os veículos têm apenas uma faixa para transitar na pista local. O trânsito é complicado na região e os motoristas devem evitar passar por lá.

Segundo Guilherme Boulos, coordenador do MTST, o grupo não descarta a possibilidade de acampar no local caso o movimento não seja atendido pela construtora.

Zanone Fraissat/Folhapress
Manifestantes do MTST fazem caminhada até sede de construtora, na marginal Pinheiros
Manifestantes do MTST fazem caminhada até sede de construtora, na marginal Pinheiros

Procurada pela Folha, a construtora Even diz que não vai se reunir com os manifestantes. "As questões do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto devem ser encaminhadas ao poder público. Dessa forma, não compete à Even conduzir conversa com os líderes do movimento." Boulos diz que tenta um encontro com a prefeitura que, segundo ele, contaria com a participação de representantes da construtora.

No dia da invasão do terreno de sua propriedade, ocorrido no dia 20 de junho, a empresa disse que a área foi adquirida há três anos e que tem um projeto para a construção de um empreendimento residencial na área, que foi protocolado na prefeitura.

Ainda segundo a construtora, o lançamento será feito após sua aprovação. "A invasão do terreno e a ocupação totalmente irregular, realizada por um grupo de integrantes do MTST, na noite de 20/6/14, causou profunda indignação e a empresa tomou todas as medidas legais necessárias para garantir seus direitos e efetivar a reintegração de posse", informou a nota enviada pela Even na época.


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