Folha de S. Paulo


Morro da Providência no Rio ganha teleférico gratuito nesta quarta

Moradores do morro da Providência, no centro do Rio, considerada a primeira favela da cidade, vão ganhar nesta quarta-feira (2) um teleférico que ligará o morro à Central do Brasil, de um lado, e aos bairros da Gamboa e Saúde, de outro.

O teleférico, que terá três estações (Central do Brasil, Américo Brum e Gamboa) e uma extensão total de 721 metros, está pronto desde março de 2013, mas, segundo a Cdurp (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto), responsável pelo sistema, só será inaugurado agora porque faltava concluir o fornecimento de energia. "A operação seguiu cronograma de instalação de subestação para fornecimento de energia", afirmou a companhia, por meio de sua assessoria.

O empreendimento custou R$ 75 milhões aos cofres do município, parte de um investimento de R$ 163 milhões no morro da Providência, por conta do programa Morar Carioca, da SMH (Secretaria Municipal de Habitação).

Não haverá cobrança de passagem para utilizar o teleférico. Segundo a Cdurp, são 16 gôndolas e cada uma transporta oito pessoas sentadas e mais duas em pé (anteriormente, as administradora do serviço havia informado que o limite de cada gôndola era de oito pessoas).

A companhia não tem ainda estimativa de usuários no período inicial, mas informou que cada gôndola pode transportar mil pessoas por hora. Ao longo dessa terça, a empresa havia informado erroneamente que seriam feitas mil viagens por hora. A operação do sistema ficará a cargo da concessionária Porto Novo.

"A Cdurp é uma empresa da prefeitura, responsável pela operação urbana do Porto Maravilha. A concessionária Porto Novo, contratada pela Cdurp para executar as obras e serviços públicos na região do porto, prestará o serviço de operação do teleférico", afirmou a empresa.

Segundo os responsáveis, o sistema funcionará em esquema de teste por um período de dois meses. Na primeira fase, será de segunda à sexta, das 9h às 11h; na segunda, o horário se estenderá das 14h às 16h. Por fim, a terceira fase colocará o teleférico em operação das 8h às 12h e das 14h às 20h, de segunda a sexta, e das 9h às 15h aos sábados.

Quando estiver operando de forma plena, o teleférico funcionará das 6h às 21h de segunda a sexta, das 7h às 19h aos sábados, e das 9h às 18h nos domingos e feriados.

Leandro Ravaglia
O teleférico do morro da Providência, com o relógio da estação Central do Brasil ao fundo
O teleférico do morro da Providência, com o relógio da estação Central do Brasil ao fundo

MORADORES REASSENTADOS

Segundo a SMH, 1.400 famílias residem no morro da Providência – cerca de 4.000 pessoas, residindo em 1.237 casas, de acordo com dados da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local. Somados aos moradores das favelas São Diogo, Moreira Pinto e Pedra Lisa, que integram o morro da Providência, o total de moradores sobe para 4.889 pessoas divididas em 1.465 lares.

Para a construção do teleférico, 118 famílias tiveram de ser reassentadas –segundo a Cdurp, elas serão transferidas para um condomínio que faz parte do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e que fica nas cercanias da Providência. "Negociações com a Caixa Econômica em curso trabalham no objetivo de concluir residências no empreendimento da rua Nabuco de Freitas. Dos 118 reassentamentos previstos [de moradores que concordaram em sair de suas casas], 34 já foram entregues e 84 aguardam a conclusão da obra", informou a companhia.

Batizado no final do século 19 como Morro da Favela, o local teve como primeiros moradores ex-combatentes da Guerra de Canudos (1896-1897), que se fixaram ali por volta de 1897. Cerca de 10 mil chegaram com a promessa de ganhar casas na então capital federal, mas entraves políticos e burocráticos emperraram a iniciativa. Com isso, os ex-combatentes ocuparam provisoriamente as encostas do morro. E ficaram.

No século seguinte, na virada dos anos 20 para os 30, a comunidade passou a se chamar Providência –segundo historiadores, trata-se de uma referência a um rio nas proximidades de Canudos, na Bahia.

No entanto, o fato de ter sido a primeira favela do Rio não é consenso entre especialistas. Para muitos, o Morro da Favela, pela localização, era apenas a comunidade mais visível. Nessa época, já existiriam núcleos de características iguais em outras partes da cidade, como no Morro do Castelo e no Morro de Santo Antônio, ambos no Centro. As informações estão no site Favelas em Memórias, da ONG Viva Rio.


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