Folha de S. Paulo


Com greve de ônibus, Ponta Grossa (PR) vai contratar outras empresas para transporte

Com os motoristas e cobradores em greve há cinco dias, a Prefeitura de Ponta Grossa (114 km de Curitiba) tomou uma decisão que pode ser inédita: contratar temporariamente outras empresas que ofereçam ônibus à população da cidade paranaense.

A paralisação, que acontece desde a última segunda-feira (19), prejudica diariamente parte dos 60 mil usuários que utilizam o sistema de transporte no município, de acordo com a AMTT (Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes).

Segundo o presidente da autarquia, Eduardo Kalinoski, a proposta foi definida durante a manhã deste sábado (24), em uma reunião na Prefeitura de Ponta Grossa.

A Viação Campos Gerais é a única empresa que opera as linhas da cidade e é responsável pelo transporte coletivo da cidade.

Com a paralisação, 40% da frota da concessionária circula nos horários de pico e 30% no restante do dia.

"Essa quantidade não é suficiente para atender a população. Diante desse cenário, a procuradoria do município foi consultada para autorizar outras empresas a operar em Ponta Grossa durante a greve", afirma Gonçalves.

As empresas que quiserem operar os trajetos das linhas de ônibus durante a greve não precisam ter sede em Ponta Grossa. Durante este final de semana, a AMTT realiza o cadastramento das empresas interessadas no Terminal Rodoviário Central da cidade. Neste domingo, o cadastramento vai ser feito até as 17h.

Tanto empresas que possuem micro-ônibus como as que têm veículos convencionais em sua frota poderão oferecer o serviço temporário.

Em ambos os casos, a autarquia faz algumas exigências: que os carros estejam com a documentação em dia; apresentem certificado de vistoria por órgãos credenciados no Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia); e tenham seguro contra danos a terceiros.

A tarifa máxima, estabelecida pela prefeitura, é de R$ 5 para os micro-ônibus e de R$ 2,60 para ônibus convencionais.

Os veículos credenciados, porém, não poderão entrar nos terminais de ônibus de Ponta Grossa, que são operados pela concessionária. "Infelizmente, as gratuidades e o desconto para estudantes também não vão ser contemplados [nos contratos temporários], porque as tarifas serão pagas em espécie para o motorista de casa veículo. É um serviço privado, só que disponibilizado pelo mesmo preço", explica Eduardo Kalinoski. A gestão municipal, afirmou, torce para que essa medida acelere as negociações entre empregados e empregadores.

Até agora, duas empresas se interessaram no credenciamento, segundo Kalinoski. "Como é final de semana e essas empresas precisam verificar internamente a possibilidade de oferecer o serviço, elas só farão um posicionamento na segunda-feira", diz Gonçalves.

A Folha procurou a Viação Campos Gerais neste sábado, porém não conseguiu falar com um de seus responsáveis para comentar a decisão.

GREVE

Os trabalhadores do transporte coletivo de Ponta Grossa reivindicam aumento salarial de 15% e reposição de 5,82% de acordo com a inflação. Em uma audiência ontem, realizada em Curitiba, a Viação Campos Gerais apresentou reajuste dos salários pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumido) e aumento de 10% no vale-alimentação.

A proposta não foi aceita pela categoria, que manteve a paralisação. Uma nova reunião deve acontecer na próxima terça-feira (27).


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