Folha de S. Paulo


Protesto anti-Copa reúne 300 pessoas no centro de SP e apoia grevistas

Cerca de 300 manifestantes, segundo a Polícia Militar, estiveram no protesto contra a Copa do Mundo que percorreu o centro de São Paulo neste sábado (24). A mobilização teve início na praça da Sé por volta das 15h e terminou aproximadamente às 19h30 no cruzamento da avenidas Paulista com a rua da Consolação.

Ao contrário do último ato contra a Copa, no dia 15 de maio, não houve registro de vandalismo ou confronto com a polícia. O protesto terminou com a queima de duas bandeiras do Brasil e de um álbum de figurinhas da Copa, e os manifestantes foram cumprimentados pela polícia.

"Parabéns pela manifestação", disse o tenente-coronel José Eduardo Bexiga, comandante da operação que contou com cerca de 400 policiais.

Durante a marcha, que percorreu também a avenida da Liberdade e a rua Vergueiro, houve interrupções no trânsito. Às 19h, a Paulista estava fechada no sentido Consolação, assim como o sentido centro da Consolação. Algumas entradas de estações de metrô foram fechadas por seguranças para, segundo eles, evitar danos.

Manifestantes também vociferaram xingamentos contra o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e a presidente Dilma Rousseff (PT). Instrumentos musicais deram ritmo a gritos de ordem como "O povo, unido, jamais será vencido" e "Greve geral, piquete e ocupação, contra a Fifa, a PM e o patrão".

O ato também contou com a presença de adeptos da prática "black bloc", que prega a depredação de patrimônio público e privado como forma de protesto. Mascarados, eles exibiram faixas com dizeres de que o campeonato de futebol que começa em algumas semanas será uma "Copa de greves". Também levantaram o dedo médio e hostilizaram policiais que filmaram o protesto.

DETIDO

Iranildo Brasil, 22, aluno de direito do Mackenzie, foi detido antes do protesto e levado ao 8º DP (Brás) sob a acusação de desobediência. A PM diz que ele estacionou seu carro ao lado da praça da Sé e, quando indagado para uma inspeção de rotina, se recusou a abrir o veículo. Ele foi liberado após autorizar que o carro fosse inspecionado na presença de um delegado –nada foi encontrado.

O protesto foi convocado pelas redes sociais por estudantes, militantes de partidos políticos e movimentos sociais que formam o grupo Território Livre, contrário aos gastos feitos para a Copa no Brasil. A passeata foi a oitava do gênero na capital paulista neste ano.

SOLIDARIEDADE

Quando passaram em frente ao metrô Paraíso, alguns manifestantes saudaram os seguranças que usavam coletes com as palavras "Transporte Padrão Fifa".

A peça foi distribuída pelo sindicato da categoria e faz parte da campanha salarial deste ano. Metroviários estão em estado de greve e pretendem deliberar sobre uma eventual paralisação na próxima semana.

Para Rodrigo de Oliveira Antonio, 36, integrante do Território Livre, além de ser um ato contra a Copa, o protesto deste sábado foi em solidariedade às greves de motoristas de ônibus e de professores municipais de São Paulo.

"A conjuntura há duas semanas era diferente. A luta contra a Copa mudou de qualidade quando a sociedade organizada iniciou um movimento", disse.

Também presente no protesto, de chapéu e sobretudo para se proteger do frio, o aposentado José de Freitas, 87, carregava um cartaz com a recomendação "Fuck You Fifa".

"Eles querem ser o presidente do Brasil, a Fifa. Imagina!". Ele diz ter sido o oitavo protesto anti-Copa de que participa. "Lutei contra a ditadura e me arrependo. Hoje a ditadura é econômica."

Anna Virginia Balloussier/Folhapress
O aposentado José de Freitas, 87, com um cartaz com a recomendação
Aposentado José de Freitas, 87, segura cartaz com protesto anti-Copa na praça da Sé no sábado (24)

CLIMA

Durante a concentração, na praça da Sé, ambulantes aproveitaram o frio e a garoa para venderem capas e guarda-chuvas.

Antes de partir em passeata, os manifestantes fizeram o que chama de jogral, no qual um representante fala e os outros repetem em coro, fazendo com que todos possam ouvir as palavras.

Eles prometeram "manter as ruas quentes" e disseram que "nem a PM, nem São Pedro" iriam impedir a realização do da manifestação.


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