Folha de S. Paulo


Adolescente de 14 anos é preso acusado de matar primo de 4 anos

Um menor de 14 anos é apontado pela Polícia Civil do Rio como o responsável por esfaquear e matar o primo de 4, na favela Baixa do Sapateiro, uma das 15 que formam o Complexo da Maré, zona norte do Rio.

Caio Henrique Santos da Silva estava desaparecido desde a noite de quarta (16). Ele foi encontrado na manhã de ontem enrolado em um edredom dentro de uma máquina de lavar no interior da casa onde morava. Ao abrir o tanquinho, a irmã de 12 anos viu os pezinhos do menino.

Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios, o adolescente disse que cometeu o crime porque queria que o primo ficasse quieto. Ele teria dito ao delegado que a "alegria" de Caio o incomodava.

"Ele é frio e não gaguejou em nenhum momento. Contou como cometeu o crime tomando refrigerante e comendo", disse.

Barbosa disse ainda que nesta confissão, o jovem revelou ter primeiro sufocado a criança e depois dado as facadas.

Osni Alves
Maria de Lourdes, avó do menino de 4 anos encontrado morto na casa da filha, no Complexo da Maré
Maria de Lourdes, avó do menino de 4 anos encontrado morto na casa da filha, no Complexo da Maré

Peritos da Delegacia de Homicídios confirmaram que havia quatro facadas no peito da criança.

"Ninguém ouviu nada porque acontecia uma manifestação na rua e a casa em que estavam fica no alto", explicou o delegado Delmir Gouveia, da 21ª DP para onde o adolescente foi levado, antes de ser encaminhado para uma unidade de menores.

ADOLESCENTE PROBLEMÁTICO

Familiares disseram que o adolescente era problemático e tinha "ódio" do primo menor. Segundo a tia Liliane Luiza Nascimento, o adolescente chegou na quarta-feira de noite na casa da mãe de Caio, Vanessa Lima dos Santos, 33, com um vídeogame X-Box e um smartphone branco roubados."

"Ele apronta lá em Muriqui [no litoral sul-fluminense, onde mora com a mãe], rouba, briga, e vem passar uns dias aqui", disse ela, acrescentando que ele passou a noite toda vendo a aflição da mãe do garoto, sem qualquer reação à situação.

De acordo com o delegado Gouveia, o jovem já tem passagem na polícia por furto.

A avó de Lucas e Caio, Maria de Lourdes, 59, disse que teve uma "premonição" na terça-feira, sentindo que algo de ruim iria acontecer. Por volta da meia-noite de quarta-feira o telefone tocou. Era a filha, Vanessa Lima dos Santos, 33, anunciando o desaparecimento de Caio.

Na manhã seguinte (ontem), ela chegou na casa de Vanessa e encontrou o neto mais velho sentado tranquilamente no sofá tomando o Danoninho do primo.

Ela conta que perguntou a ele: "O que você fez com o garoto?", antes mesmo de encontrarem o corpo. Ele não disse nada.

A notícia de que o primo teria assassinado a criança veio logo depois revoltando moradores que estavam no entorno da casa da família. Para retirá-lo do local, os policiais civis pediram a ajuda dos militares da Força de Pacificação.

Um grupo com 70 soldados montou uma barreira diante da casa para que o adolescente fosse retirado pela polícia. Ele embarcou em um tanque blindado e foi levado para a delegacia, onde prestou depoimento.

A avó contou ainda que a mãe do adolescente, Geralda Cristina, já teve de fazer ao menos duas mudanças de cidade, porque o garoto sempre se metia em confusão, e era ameaçado de morte, contou a avó. Ela disse que achava que ele não era usuário de drogas. "Até onde a gente sabe, não gostava de drogas".


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