Folha de S. Paulo


Mulher morta com tiro na cabeça em SP planejava se mudar com o marido

Wanderléia da Silva, 38, morta na noite de domingo (13) com um tiro na cabeça, e seu marido, Roberto dos Reis Silva, 40, planejavam se mudar para o interior para fugir da violência da capital, disse ontem Luciane dos Reis Rocha, 38, estudante de direito e cunhada da vítima.

A mulher estava com o filho de 5 meses no colo quando levou um tiro na cabeça na avenida Cupecê, Cidade Ademar (zona sul). Ela voltava da igreja com o marido no momento do crime.

"Eles falavam bastante em comprar uma casa no interior e se mudar para lá para criar o Samuel [bebê de cinco meses] e os outros filhos da Wanderléia. Ironicamente, ela queria fugir da violência."

A família de Roberto Silva vive há mais de 20 anos perto do local onde a dona de casa foi morta por um tiro no último domingo. Wanderléia foi a primeira vítima de violência da família, mas os parentes afirmam que antes já se sentiam inseguros.

Editoria de Arte/Folhapress

Segundo Luciane, ela e os outros três irmãos de Silva, que moram todos em imóveis vizinhos no bairro, passarão a se revezar para ajudar o viúvo, que trabalha em um sindicato, a criar o bebê.

"Ela [Wanderléia] cuidava muito bem do bebê. No domingo, antes de ir à igreja, ela arrumou toda a casa. Estava feliz", contou a cunhada.

No domingo, antes de ser atingida, Wanderléia e o marido haviam passado o dia fora. Almoçaram na igreja Maná, que costumavam frequentar, visitaram a casa de amigos evangélicos, que moram perto da igreja, e voltaram para o culto da noite.

O casal, que estava junto havia dois anos, tinha apenas um filho, o menino de cinco meses, Samuel –homenagem ao profeta bíblico do Antigo Testamento.

Wanderléia tinha outros dois filhos de um relacionamento anterior –uma menina, de 11 anos, e um menino, de um ano e três meses.

O velório da dona de casa começou ontem à noite, a partir das 21h, porque o corpo passou o dia no IML para a realização de exames.

O enterro está previsto para hoje, às 9h, no cemitério São Luiz, na zona sul.

Muito abalado com a morte da mulher, o viúvo precisou tomar calmantes para conseguir dormir antes de ir ao velório, segundo a família.

"Esperamos justiça e mais segurança na área. Há uns 15 dias, a população fechou a avenida Cupecê, durante um protesto, e incendiou um ônibus", afirmou Luciane.

A área em que Wanderléia foi morta, de responsabilidade do 43º DP (Cidade Ademar), não está entre as mais violentas de São Paulo.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, houve cinco vítimas de homicídio na área de atuação do 43º DP em 2013, e nenhuma em janeiro e fevereiro deste ano.

Já o vizinho 98º DP (Jardim Míriam), onde funciona o plantão que registrou a morte de Wanderléia, foi o sexto distrito da capital com mais vítimas de homicídio em 2013 –39 no total, aumento de 95% em relação a 2012.


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