Folha de S. Paulo


Mateus Sugizaki (1946 - 2014) - Mestre do judô nacional e docente da Unesp

Em 2010, aos 64 anos, quando foi surpreendido pela notícia de que faria um transplante de medula, Mateus Sugizaki não se alarmou.

Com disciplina oriental submeteu-se ao tratamento e, nos dois meses em que ficou internado, passou contemplando o jardim do hospital e meditando.

"É preciso ter calma numa situação em que o domínio do homem está subjugado pela natureza", dizia ele no hospital. A serenidade era resultado de mais de 50 anos dedicados ao judô.

Filho de um imigrante japonês e de uma descendente de japoneses, Mateus entrou para o esporte aos 11 anos, quando seu pai começou a lecionar judô em Avaré.

Com 16 anos, ele conquistou sua faixa preta e o título de campeão paulista. Sua trajetória no judô só aumentou a partir de então.

Em 1968, foi o primeiro brasileiro a vencer um campeonato mundial universitário. Em 1980, era o técnico da delegação brasileira do esporte na Olimpíada de Moscou.

Para seus discípulos será símbolo de retidão que conquistou o 8º Dan (grau de maestria superior à faixa preta em artes marciais). Paralelamente ao judô, Sugizaki dedicou-se à pesquisa em ciências biomédicas na Unesp Botucatu.

A carreira acadêmica o levou a ser livre-docente na Unesp e a seis expedições na Antártica, na estação Comandante Ferraz (destruída por um incêndio em 2012).

Morreu na última quinta-feira, aos 67 anos, por complicações no tratamento de uma mielodisplasia. Deixa a viúva, quatro filhos e quatro netos.

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