Folha de S. Paulo


Mesmo após protestos, CET diz que não vai mudar faixas de ônibus no Cambuci

Depois de os moradores e comerciantes na região do Cambuci (no centro de SP) fazerem uma série de protestos por conta da implantação de faixas de ônibus, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz que não pretende mudar o projeto.

Na manhã de hoje, após manifestantes bloquearem o trânsito na avenida Lins de Vasconcelos, o diretor de Planejamento da CET, Tadeu Leite, disse que a companhia está aberta ao diálogo, mas por enquanto não vai mudar o projeto. Os manifestantes utilizaram um carro de som e pediram aos comerciantes que fechassem as lojas em protesto, o que não ocorreu.

"A faixa ainda está sendo implementada, cabe alterações e estamos abertos ao diálogo. Agora não podemos deixar de organizar o tráfego na região e favorecer cerca de 40 pessoas que são contra".

Para Leite, propostas concretas precisam ser apresentadas para que haja mudanças. "Se for apresentados problemas reais, alteramos o projeto. Falam da falta de vagas para o carro, isso não é verdade vamos ampliar em 50% o número de vagas de Zona Azul na região, só vai acabar as vagas na frente da casa. A rua é pública", afirmou.

O diretor ainda sinalizou a possibilidade da criação de bolsões de estacionamento para carga e descarga. "Se for apontado que o problema é parar o carro para descarregar em um comércio, podemos fazer alguma alteração para solucionar esse problema. Repito, estamos prontos para dialogar, mas o diálogo é uma via de mão dupla. Não tem que ser só do jeito deles, vamos conversar. Parece que a população está com medo do novo", afirmou.

De acordo com os sindicalistas que protestam desde cedo na avenida Lins de Vasconcelos, uma audiência pública será realizada na próxima quinta-feira no Balneário do Cambuci para debater a criação da faixa. Leite, no entanto, disse desconhecer o encontro.

Comerciantes e moradores são contra é contra a instalação das faixas exclusivas de ônibus e de Zona Azul que foram implantadas, desde ontem (7), nas avenidas Lins de Vasconcelos e Lacerda Franco.

O protesto é organizado pelo sindicato dos comerciários.

Por conta das mudanças, foram feitas outras alterações no trânsito, como alteração também no sentido das ruas. Comerciantes afirmam que as novas faixas prejudicarão o comércio local. Já os moradores apontam que a maior parte das casas da região não têm garagem e, por isso, os carros são deixados estacionados na rua, onde passará a ter Zona Azul.

A podóloga Vânia Lima, 40, tem uma clínica na avenida Lins de Vasconcelos há oito anos. Segundo ela, não há necessidade da criação da faixa de ônibus. "Só vai prejudicar. Não tem lugar pra estacionar agora. 70% dos meus clientes vem de carro. Em apenas um dia eu já senti a diferença no movimento da loja", disse.

Já a moradora Lucimara Kawabata, 60, discorda do protesto. Moradora há 12 anos da Lins de Vasconcelos, ela acredita que a criação da faixa não vai mudar a rotina do comércio. "Já tinha Zona Azul, vaga para idoso, deficiente. Já era difícil parar com o carro aqui. Agora é questão de se adaptar. Vivemos numa metrópole, o trânsito é um problema, então, se essa é uma alternativa, vamos ter que se acostumar", afirmou.

Ontem à noite, manifestantes colocaram fogo em pneus e bloquearam a avenida Lins de Vasconcelos.


Endereço da página:

Links no texto: