A secretaria de Segurança Pública do Rio informou agora pela manhã que as ações no Complexo da Maré, na zona norte da cidade, resultaram em 118 prisões. As detenções aconteceram entre o último dia 25, quando começaram as primeiras ações na região, e hoje, dia em que o complexo foi tomado pelas forças de segurança.
O balanço parcial das operações na Maré foi divulgado via o Twitter oficial da secretaria de Segurança Pública. As prisões são por crimes diversos.
Em entrevista coletiva na manhã deste domingo após a ocupação do complexo, o secretário de segurança pública do Rio, José Mariano Beltrame, classificou as ações com bem sucedidas
"A fase inicial começou dia 25, com cerco inicial. Ocorreram as operações com os policias militares, e hoje tivemos a fase de incursão, muito bem sucedida. Agora estamos na fase de estabilização. Nela iremos fazer buscas de drogas e de pessoas procuradas pela justiça", disse.
Segundo Beltrame, nessa semana o Ministério da Defesa, em reunião com as policias estaduais, vão fazer uma reunião para definir a data de incursão das tropas do Exército. O secretário ainda fez um desabafo e disse que o problema de segurança Pública não é somente estadual.
"A sociedade tem que cobrar porque um criminoso reincidente é solto e volta a atuar nas áreas de UPP. O problema de entrada de armas e drogas nas fronteiras, tem que existir uma reforma nos presídios, pois as ordens de ataques partem de lá".
Na ação deste domingo, a polícia prendeu, até as 11h, 13 pessoas. Os presos estão no 22º Batalhão da Maré, na Nova Holanda. Eles serão levados para a 21ª DP (Bonsucesso).
As ações no Complexo da Maré têm como objetivo preparar a região para receber a 39ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Rio.
Neste domingo, a Polícia Federal também fez uma operação na Maré. O objetivo era prender pessoas ligadas ao traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P, preso na última quarta-feira.
Não há um balanço completo com o número de prisões feitas pela PF. Dayana Barros Rodrigues, 23, ex-namorada do "Menor P", está entre as detidas.
Ela foi encaminhada para a Superintendência Regional da Polícia Federal do Rio onde prestou depoimento aos agentes da PF sobre a sua ligação com o traficante.
Dayana é pivô do caso que revelou ao país o temperamento cruel de Marcelo Santos das Dores, o "Menor P". Após flagrar sua ex com o meio-campo do Vasco Bernardo, em abril do ano passado, ele sequestrou e torturou o jogador com choques elétricos.
Também foram apreendidos 452 quilos de drogas, a maioria maconha, além de uma submetralhadora, um cano de fuzil e vários carregadores. Os policiais recuperaram também três motos e dois carros roubados
RESPOSTA AOS CRIMINOSOS
Mais cedo, o governador Sérgio Cabral (PMDB) afirmou que a ação no Complexo da Maré, a dois meses e meio da Copa do Mundo, foi uma resposta aos criminosos.
"Nos últimos três meses fomos provocados e intimidados pelo poder paralelo que queria enfraquecer uma política de pacificação extremamente vitoriosa." Ocupada em apenas 15 minutos, a região será preparada para receber a 39ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Rio.
"Há 80% das cidades brasileiras que não possuem o número de habitantes da Maré, com mais de 120 mil moradores. É uma cidade dentro da cidade. As pessoas que estão lá são gerações e gerações acostumadas a acordar de manhã e ver um bandido de fuzil. Hoje essa ocupação é sinônimo de paz."
A OPERAÇÃO
A operação tem a participação de 1.180 homens de batalhões especializados da Polícia Militar, além de 132 policiais civis, com apoio de 21 blindados da Marinha, utilizados para o caso de haver barricadas nas ruas, além de aviões não tripulados das Forças Armadas e da Polícia Federal.
Na Vila do João, bairro do complexo onde está a reportagem da Folha, o clima é de tranquilidade e desconfiança por parte dos moradores.
Parte dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) utiliza óculos com câmeras de visão noturna, capazes de filmar as ações de combate até mesmo durante a noite.
Os blindados iniciaram a ocupação na frente das tropas, mas tiveram dificuldade no acesso por conta da grande quantidade de carros estacionados nas ruas da comunidade. A tomada das 15 favelas do Complexo da Maré durou 15 minutos.