Folha de S. Paulo


Acordo encerra greve de ônibus em Curitiba

Terminou na manhã deste sábado (1) a greve de ônibus em Curitiba, que já durava três dias e chegou a paralisar todo o sistema de transporte público na cidade.

Em assembleia nesta manhã, os motoristas e cobradores, que pediam aumento salarial, aceitaram a proposta feita pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de 9,28% de reajuste. Originalmente, eles reivindicavam 16% e 22% de aumento, respectivamente.

Os ônibus devem voltar a circular normalmente ao longo deste sábado.

Os quatro dias de greve foram marcados pela preocupação com o impacto do reajuste na passagem de ônibus, hoje em R$ 2,70. Os empresários se negavam a conceder mais que a inflação, alegando prejuízo, e a prefeitura pedia por um reajuste que não onerasse excessivamente a tarifa, temendo novos protestos como os de junho do ano passado.

O advogado do Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba), Elias Mattar Assad, chegou a se queixar da "intransigência" do poder público e dos empresários. "Não querem que a tarifa suba. Claro, é justo. Mas não pode se exigir sacrifício da classe trabalhadora em prol da passagem."

Hoje, os motoristas de ônibus recebem R$ 1.660 por mês, e os cobradores, R$ 940.

MEDIAÇÃO

A proposta final, de 9,28%, foi obtida após a intervenção da desembargadora Ana Carolina Zaina, do TRT. Ela pressionou por um acordo entre os sindicatos para que fosse "restabelecido um serviço essencial à população". Durante a audiência, chegou a questionar "se haveria a necessidade de a sociedade marchar de novo, para deixar claro que não tolera o reajuste da tarifa".

Ontem, a vice-prefeita Mirian Gonçalves (PT), que participou da audiência no TRT, garantiu que a prefeitura assumiria o impacto financeiro causado pelo reajuste salarial.

Ainda não está definido, no entanto, se haverá aumento da passagem para o usuário. O reajuste da tarifa em Curitiba ocorre sempre em fevereiro, mas o poder público (prefeitura e governo do Paraná) pode assumir parte do custo para que não haja aumento no custo final para o passageiro.

"Aumentar a tarifa para o usuário é a última hipótese", disse a vice-prefeita à Folha. "Vamos tentar de tudo para que isso não aconteça."

A decisão sobre o preço da tarifa deve ser tomada depois do Carnaval.


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