Folha de S. Paulo


Após pane, Metrô estuda mudança em botões de emergência

O Metrô de São Paulo estuda mudar a disposição dos botões de emergência das plataformas que cortam a energia das estações e param os trens.

O acionamento desses dispositivos, segundo a companhia, potencializou o tumulto que paralisou a linha 3-vermelha por cinco horas na última terça-feira (4).

O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, disse hoje suspeitar de uso intencional porque os botões não são conhecidos pelos usuários e que em 40 anos de operação, só foram acionados sem autorização por um jovem, por brincadeira.

"Agora, no dia do evento foram acionados três botões de plataforma, então há indícios de que alguma coisa aconteceu ali. Nem mesmo os que usam metrô normalmente sabem da existência desses botões", afirmou.

Os botões foram acionados em um espaço de 19 minutos: às 19h36 na estação Marechal Deodoro; às 19h41 no Anhangabaú; e, por fim, às 19h55 em Santa Cecília.

O acionamento em série é uma das justificativas do governo estadual para a suspeita de que pode ter havido "ação orquestrada" na pane.

"Estamos seguindo orientações da segurança, tanto da PM quanto da [Polícia] Civil e Científica, para estudar uma posição melhor para esses botões de emergência para que eles sejam somente conhecidos mesmo, e acessados, pelo nosso pessoal de segurança", disse Fernandes.

Atualmente, os botões da linha vermelha são facilmente localizados nas plataformas. Ficam dentro de caixas transparentes, fechadas à chave, mas são os únicos dispositivos à vista do usuário com adesivos com a palavra "emergência".

Questionado sobre a facilidade de se localizar os botões, Fernandes afirmou que "não é pelo fato de ser difícil ou fácil que qualquer safado pode fazer o que quer".

O secretário disse que, na linha 1-azul, mais antiga, os botões ficam dentro de uma caixa metálica.

"Com a evolução do material, achou-se melhor fazer ele totalmente transparente. Eu acho que não dá mais, vamos ter que voltar. A nossa segurança sempre foi voltada para a questão operacional, não estávamos preparados para um outro ambiente. Nós temos que aprimorar agora alguns dados que não eram preocupação no passado", disse.

GERAÇÃO ESPONTÂNEA

Após o tumulto, o diretor de operações do Metrô, Mário Fioratti Filho, disse à Folha que não seria possível ao usuário comum "reparar" nos botões de emergência.

"Se eu andar com você na plataforma, você não vai reparar. Não está escrito nada", afirmou. Ele disse que o dispositivo é voltado apenas ao uso de funcionários no caso de algum usuário cair na via.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) já sabia do acionamento dos botões ao afirmar, no dia seguinte, que o episódio não foi causado por "geração espontânea" –sugestão de que possa ter havido sabotagem.

O Metrô também diz ter certeza de que não foram funcionários que apertaram os botões –nenhum relatou o acionamento–, o que reforçou as suspeitas do governo.

O caso está sendo investigado pela polícia, que recebeu imagens das câmeras de vigilância das plataformas. Segundo Fernandes, porém, por elas não é possível identificar quem acionou os botões.


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