Folha de S. Paulo


Congelamento de tarifa ameaça renovação de frota de ônibus

Em meio ao congelamento das tarifas de ônibus após os protestos de 2013, a renovação da frota ficou prejudicada em grandes cidades do país.

Os consórcios argumentam que as receitas estão abaixo do previsto e que não têm condições de comprar veículos novos. Falam em "populismo tarifário" e em "sucateamento" do sistema.

Porto Alegre vive uma semana de caos no transporte, com uma greve que culminou em paralisação total de motoristas e cobradores. Ontem, eles concordaram em retomar as atividades de 50% da frota a partir de hoje.

Em 2013, as empresas deixaram de trocar 10% da frota da cidade, estimada em 1.700 carros, como era esperado.
Há um ano, a prefeitura reajustou a passagem para

R$ 3,05. Após intensos protestos, que antecederam a onda nacional de junho, a Justiça determinou a redução do valor. Com desonerações dos governos federal e municipal, o preço foi reduzido ainda mais, para R$ 2,80.

O gerente executivo do sindicato das companhias, Luiz Mário Sá, diz que uma consequência da não renovação é o atraso na ampliação do número de veículos com ar-condicionado e adaptados para cadeirantes. "A médio prazo, vai começar a ter um aumento de ônibus estragados."

A situação também se repete em Natal, onde não houve compra de ônibus novos nos últimos dois anos. As empresas dizem que a tarifa de R$ 2,20, mesmo valor de 2011, está defasada. A média uso da frota já está em 5,8 anos.

Em Goiânia, a aquisição de 230 ônibus prevista para setembro passado foi adiada. Os consórcios tinham a perspectiva de renovar a frota de 1.130 veículos da capital ao longo de 2014, mas afirmam que vão rever os planos. A tarifa hoje é de R$ 2,70 -caiu R$ 0,30 após os protestos.

Nessas três cidades, as empresas dizem que os contratos não impõem a renovação de uma parcela dos ônibus a cada ano.

LIMINAR

Em Curitiba, a Justiça concedeu em outubro uma liminar ao Sindicato das Empresas de Transporte local que suspendeu a obrigação de comprar novos ônibus.

Na ação, a entidade afirmou que, se a taxa de retorno prevista no contrato continuar sendo descumprida, a manutenção do serviço ficará "ameaçada".

A tarifa na capital paranaense é de R$ 2,70 desde junho. Naquele mês, em meio aos protestos, a prefeitura concordou em subsidiar em R$ 30 milhões o sistema.

Segundo a Urbs, que gerencia o transporte público na cidade, há veículos em atividade acima da barreira de dez anos de uso. Diz, no entanto, que a segurança não está comprometida.

A fabricante Marcopolo diz que as vendas de ônibus caíram 10% no fim de 2013.


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