Folha de S. Paulo


Fiquei quatro horas sem informação, diz passageira de trem da SuperVia

"Fiquei quase quatro horas sem informação. Uns falavam que um trem descarrilou em São Cristóvão... outros diziam que roubaram os carros", disse à Folha a passadeira Vera Lúcia Lima, 51, que estava no trem da SuperVia que descarrilou no Rio na manhã desta quarta-feira (23).

A composição colidiu com a rede elétrica, próximo a estação São Cristóvão (zona norte) e paralisou a circulação de trens.

"Estou me sentindo mal. A gente ficou o tempo inteiro em pé com o vagão cheio, sem ar-condicionado", continuou a passageira, que seguia de Nilópolis, na Baixada Fluminense, para a Central. Depois, ela ainda pegaria um ônibus rumo ao trabalho na Lagoa, zona sul.

Segundo a SuperVia, concessionária que administra o sistema ferroviário, em média 600 mil passageiros usam os trens por dia. Apesar do acidente, não houve registro de feridos. Muitos usuários, no entanto, passaram mal com o calor.

Após mais de três horas no trem, o técnico de manutenção industrial Leonardo Alexandre de Oliveira, 34, diz que teme que aconteça um acidente mais grave no transporte, já que os transtornos viraram rotina.

"O problema de hoje foi só um aviso. Tem que melhorar urgente o serviço e criar estratégia de manutenção da rede aérea e das vias. Está mais que na hora, aí com a Copa do Mundo, de renovar toda a frota de trens. O passageiro também exige ar-condicionado em todas as composições", disse, revoltado, Oliveira, depois de ser obrigado a descer na estação de São Francisco Xavier (zona norte).

Erbs Jr./Frame/Folhapress
Técnicos da concessionária Supervia trabalham para restabelecer a circulação de trens
Técnicos da concessionária Supervia trabalham para restabelecer a circulação de trens

De acordo com a SuperVia, todos os ramais do transporte foram prejudicados. No início da tarde, o trem avariado continuava tombado na linha férrea em São Cristóvão. Técnicos trabalhavam no local para realizar os reparos na infraestrutura da via férrea.

A concessionária informou que com o descarrilamento, a estrutura que sustenta os cabos da rede aérea foi danificada e interrompeu o fornecimento de energia no trecho entre as estações Mangueira (zona norte) e Central do Brasil (centro).

"A circulação nos ramais Saracuruna e Belford Roxo (Baixada Fluminense) ocorre entre as estações terminais e a estação Triagem e os trens dos ramais Deodoro, Japeri e Santa Cruz circulam até a estação Engenho de Dentro", diz a SuperVia em nota.

O trem parador também circula até a estação São Francisco Xavier. A empresa Real Auto Ônibus disponibilizou veículos extras na estação São Francisco Xavier para auxiliar no transporte de passageiros de trens. Por volta das 14h30, o trânsito seguia tranquilo na região. Apenas mais cedo, houve tumulto com trabalhadores na saída das estações de trem.

"A gente sofre todo dia. Muito tumulto, desorganização, falta de informação, um desrespeito. É estressante", lamenta a diarista Edna dos Santos, 61, que seguia para o trabalho na zona sul. Ela disse que só depois de muita discussão conseguiu reaver o dinheiro da passagem do trem na bilheteria.

A SuperVia afirma que a todo momento, os passageiros estão sendo avisados das condições de circulação pelo sistema de áudio dos trens e das estações. As causas do acidente ainda não foram divulgadas.


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