Folha de S. Paulo


Com ameaça de greve, reunião de aéreas e funcionários termina sem acordo

A reunião entre representantes das companhias aéreas, aeroviários (pessoal que trabalha em terra) e aeronautas (pilotos, copilotos e comissários de bordo) terminou sem avanços no que diz respeito ao impasse sobre reajuste salarial. As categorias estão em estado de greve desde a semana passada.

Os trabalhadores marcaram assembleias amanhã para definirem se param as atividades a partir das 6h de sexta-feira (20). A greve está marcada para ocorrer às vésperas do feriado do Natal, quando tradicionalmente os aeroportos ficam cheios.

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As categorias reivindicam aumento de 8%. As empresas, no entanto, ofereceram 5,6% para os aeronautas, o equivalente à variação da inflação no período. Para os aeroviários, foi proposto reajuste de 7% para quem ganha o piso salarial, 5,6% para os que recebem mais do que o piso até R$ 10 mil e, acima desse valor, um valor fixo de R$ 560.

"Há uma preocupação da direção do sindicato [com a recusa da proposta pelos trabalhadores] porque conseguimos evoluções singelas e apenas referentes às cláusulas sociais", afirmou Marcelo Ceriotti, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que representa 18 mil aeronautas. O encontro ocorreu na sede do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias nesta quarta-feira (18).

Um dos pontos conquistados foi o aumento de tempo de deslocamento quando o trabalhador que está de sobreaviso é acionado. Passou de 90 para 150 minutos em aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

No caso dos aeroviários, parte da categoria já aceitou a proposta das empresas na semana passada. São os trabalhadores de sindicatos ligados à FNTTA (Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos), da Força Sindical.

O acordo foi fechado com o Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Sindicato dos Aeroviários do Amazonas, Sindicato dos Aeroviários de Minas Gerais e Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Aéreas do Município do Rio de Janeiro. A negociação segue com os aeroviários de sindicatos filiados à Fentac (Federação Nacional de Trabalhadores em Empresas de Transporte Aéreo), da CUT.

O presidente da Fentac, Celso Klafke, disse que a proposta de hoje já tinha sido apresentada e rejeitada pela categoria na semana passada. "Na reunião de hoje colocamos alguns pontos para que sejam avaliados pelo sindicato das empresas até amanhã, antes da assembleia", disse ele, sem dar mais detalhes.

Para Odilon Junqueira, coordenador das negociações pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, as empresas têm tido prejuízos bilionários com os custos pressionados pelo câmbio, impostos e combustíveis. "Isso deixa as companhias aéreas limitadas", diz ele, acrescentando que os aeronautas e aeroviários somam cerca de 60 mil trabalhadores.

O representante das empresas afirma que há expectativa de aprovação da proposta, uma vez que ocorreram conquistas importantes para os aeronautas, "com cerca de dez novas cláusulas sociais".

Ele também prevê que, caso a paralisação seja aprovada, a Justiça irá determinar que 90% da categoria trabalhe, "uma vez que trata-se de um serviço essencial num período de grande movimentação nos aeroportos".


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