Folha de S. Paulo


Policiais serão indiciados por morte de estudante brasileiro na Austrália

A Comissão de Integridade da polícia da Austrália anunciou nesta sexta-feira que vai indiciar quatro policiais envolvidos na morte do estudante brasileiro, Roberto Laudisio Curti, por disparos de armas de choques elétricos (taser), após uma perseguição em Sydney em março de 2012.

A comissão policial informou que nos próximos dias acusará os agentes Eric Lim e Damien Ralph por agressão, e Scott Edmondson e Daniel Barling por agressão com o agravante de lesão corporal, segundo a emissora local ABC.

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A decisão foi tomada depois que a promotoria do estado de Nova Gales do Sul recomendou o indiciamento dos agentes por considerar que existem provas suficientes para acusá-los, após uma avaliação de um relatório da própria comissão policial.

Reprodução
Roberto Curti, morto em março de 2012
Brasileiro Roberto Laudisio Curti, morto em março de 2012

Roberto morreu após ter recebido 14 disparos de armas de choque durante uma perseguição que envolveu vários policiais, pouco depois de a polícia ter recebido uma denúncia de que um jovem havia roubado dois pacotes de biscoito em uma loja de conveniências no centro de Sydney.

Antes do incidente, o estudante brasileiro de 21 anos tinha sofrido um surto psicótico e estava descontrolado pelo centro da cidade após o uso da droga LSD.

Um relatório médico sobre a morte de Roberto determinou em novembro de 2012 que os agentes agiram de forma brutal, imprudente e perigosa ao deter um jovem utilizando armas de choque e spray de pimenta.

Outro relatório do escritório da Defensoria Pública de Nova Gales do Sul, divulgado em fevereiro, criticou a investigação da morte de Roberto por não ter identificado, nem abordado adequadamente a suposta negligência policial.

As pistolas de choques elétricos, que causam descargas de 400 volts, são utilizadas pelas forças de segurança em países como Austrália, Reino Unido e Estados Unidos para render um possível agressor em situações que não justifiquem o uso de armas letais.

No entanto, organizações como a Anistia Internacional denunciam que os "tasers" já causaram dezenas de mortes e também podem ser utilizados como uma forma de tortura.


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