Folha de S. Paulo


Mortes de causas desconhecidas embargam obra na Raposo Tavares

As mortes de dois funcionários que atuavam na ampliação da rodovia Raposo Tavares (SP-270), que liga São Paulo a Presidente Epitácio (SP), motivaram o embargo das obras nesta quarta-feira (11).

Os trabalhadores morreram nesta quarta-feira por "causas desconhecidas", segundo o MPT (Ministério Público do Trabalho), e outros 10 funcionários foram internados em hospitais da região de Presidente Prudente (SP) com sintomas como dores na nuca, abdome e cabeça, além de vômito, diarreia e febre. Três deles continuam internados, segundo o MPT.

Após a confirmação da segunda morte, na manhã de hoje, um grupo de 600 trabalhadores chegou a fechar um trecho da rodovia por cerca de duas horas, de acordo com o MPT. Eles reclamavam de falta de informações por parte da empresa e alegavam más condições nos alojamentos e refeitórios.

Após fiscalização, a obra foi embargada pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) do quilômetro 475 ao 620, entre Maracaí e Presidente Epitácio, na divisa com Mato Grosso do Sul.

Segundo o procurador do Trabalho Cristiano Rodrigues, que acompanhou a fiscalização, o embargo do MTE será válido até que a empresa descarte a relação das mortes com acidente de trabalho. "A empresa terá que comprovar que não há risco aos demais trabalhadores."

O MPT instaurou inquérito para investigar o caso e informou que a interdição tem "caráter preventivo", "até que a construtora OAS comprove que a obra não oferece riscos aos trabalhadores".

Está proibida a execução de serviços de engenharia e construção no canteiro de obras, mas a empresa pode manobrar máquinas para a segurança dos usuários da rodovia.

Procurada, a construtora OAS, que executa a obra, não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem.

OUTRO LADO

Procurada, a OAS informou que "está dialogando com todos os colaboradores do canteiro, por meio das equipes gerenciais, de modo a atualizá-los sobre a situação e a compartilhar todas as informações recebidas das equipes médicas que acompanham o fato".

A construtora não informou, no entanto, a causa das mortes nem o número de operários internados. "A empresa lamenta profundamente a morte dos dois colaboradores e está totalmente empenhada em esclarecer o ocorrido."

Em consórcio com a Invepar, a OAS venceu a concorrência para administrar o corredor da Raposo Tavares, em outubro de 2008, ao oferecer R$ 0,090525 por quilômetro de tarifa de pedágio --deságio de 24,78% sobre a tarifa da época nas rodovias paulistas e de 16,11% sobre o valor máximo previsto no edital.

O trecho da rodovia liga os municípios de Presidente Prudente, Marília, Assis e Bauru, em uma extensão de 444 quilômetros, e a concessão também abrange 389,8 quilômetros de estradas vicinais.


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