Folha de S. Paulo


Grupo sem-teto faz manifestação em frente à casa de Haddad em SP

Integrantes do movimento sem-teto MSTS (Movimento de Sem-Teto de São Paulo) realizaram na madrugada desta terça-feira uma manifestação em frente ao prédio onde mora o prefeito Fernando Haddad, no Paraíso, zona sul de São Paulo.

No final da noite de ontem (9), o grupo saiu em passeata pelo centro da cidade, passando pelo prédio da prefeitura, no viaduto do Chá, até chegar por volta das 2h à rua Afonso Freitas, onde mora o prefeito.

No local, mais de cem manifestantes gritavam palavras de ordem pedindo a libertação do sem-teto José Edmilson Lins, 18, conhecido por Bilú. Ele foi preso na manhã de ontem por policiais civis, junto da mãe e de outro sem-teto, por furto de energia e desacato de autoridade.

Os três fazem parte de um grupo que invadiu há cerca de 30 dias o prédio do antigo Cine Marrocos, na rua Conselheiro Crispiniano, no centro. A mãe de José e o outro integrante do movimento foram liberados ainda na segunda-feira.

" Quero que o prefeito ligue para a Secretaria de Segurança Pública e mande libertar o Bilú", disse Robinson Nascimento Santos, fundador do MSTS.

Avener Prado/Folhapress
Manifestantes do grupo sem-teto MSTS protestam em frente à casa do prefeito Fernando Haddad, no Paraíso, zona sul de São Paulo
Manifestantes do grupo sem-teto MSTS protestam em frente à casa do prefeito Fernando Haddad, no Paraíso, zona sul de São Paulo

A catadora Edilene Francisca da Conceição, 39, mãe de Lins, disse que o filho não é bandido e que vai lutar pela libertação do filho. " Eu tenho 11 filhos e eu mato e morro por eles", disse.

Durante o protesto, um grupo de manifestantes fez barulho batendo com pedaços de madeira em uma caçamba em frente ao prédio do prefeito. Enquanto alguns forçaram o portão do prédio, ameaçando invadir o local.

Os sem-teto reclamaram que os vizinhos do prefeito atiraram ovos e pedras de gelo contra eles durante o protesto. Os moradores da região reclamaram aos policiais militares, que acompanhavam a distância o protesto, que não dormiram devido ao barulho feito pelo grupo. Um morador, que não quis se identificar, disse: "sou a favor de protesto, mas que a noite inteira não dá".

O trecho da Afonso Freitas entre as ruas Coronel Oscar Porto e Carlos Steinen ficou interditado até por volta das 5h40, quando os manifestantes deixaram o local em passeata para retornar ao imóvel na Conselheiro Crispiniano. Eles prometem montar barracas na noite de hoje em frente ao prédio da prefeitura.

O líder do movimento informou que os sem-teto tentaram durante toda a segunda-feira, sem sucesso, entrar em contato com o prefeito para discutir a questão.

GRÁVIDA

Uma manifestante de 21 anos entrou em trabalho de parto durante o protesto. Grávida de nove meses, ela foi levada por policiais militares ao Hospital São Paulo.
O líder do movimento gritou no megafone: "Haddad, mais um sem-teto que está nascendo".


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