Folha de S. Paulo


Operário morto em desabamento era procurado pela polícia

O operário Edenilson de Jesus Santos, 24, que morreu soterrado após o desabamento de um prédio na segunda-feira (2) em Guarulhos (Grande SP) era procurado pela Justiça por suspeita de assassinato em Porto Seguro, na Bahia.

Quando ainda estava desaparecido em meio aos escombros, a polícia paulista encontrou um mandado de prisão preventiva expedido contra ele pela morte de Jean Carlos Domingos de Oliveira, em abril de 2010.

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A Polícia Civil de Guarulhos enviou uma reprodução do RG dele para a delegacia de Arraial D'Ajuda, distrito de Porto Seguro, onde policiais civis reconheceram o rosto de Santos e o apontaram como o suspeito procurado pelo homicídio, segundo a delegada Valéria Fonseca Chaves.

Por precaução, no entanto, o delegado do 5º DP de Guarulhos, Geraldo Martim Maracajá, que investiga o desabamento, disse que solicitará um exame das impressões digitais do ajudante de obras para verificar se ele é mesmo o suspeito do homicídio na Bahia.

Outro procedimento, diz o delegado, será ouvir os parentes de Santos para questionar se pesava contra ele essa acusação. "Mas o que vai bater, mesmo, é o confronto das digitais, porque nem sempre os familiares sabem de tudo o que acontece na vida de alguém", afirmou.

Não é a primeira vez que a polícia encontra um foragido depois que um caso ganhou repercussão na imprensa.

Em 2009, foi preso em Alagoas o pai de Eloá Pimentel, 15, a adolescente que um ano antes havia sido morta pelo namorado Lindemberg Alves Fernandes, 25, depois de ser mantida em cárcere privado por cem horas em Santo André, na Grande SP.

O ex-cabo da PM Everaldo Pereira dos Santos era acusado de ter matado o delegado Ricardo Lessa e o motorista dele, Antenor Carlota da Silva, em 1991. O pai de Eloá estava foragido desde 1993. Um mês antes da prisão, ele foi julgado e condenado a 33 anos de detenção

DESABAMENTO

O corpo de Santos foi localizado após mais de 65 horas de buscas nos escombros. A vítima foi achada no fim da manhã com a ajuda de cães farejadores. Como o local era de difícil acesso, a retirada só foi concluída no início da tarde.

Segundo os bombeiros, o alojamento onde morava o operário ficava no subsolo e era distante da parte central do prédio que ruiu. Apesar disso, não havia saída pelo subsolo, o que poderia ter feito o operário seguir para a parte central do imóvel quando percebeu o desabamento.

O acidente ocorreu por volta das 19h20 de segunda, na avenida Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Ao todo, 15 operários trabalhavam no local, mas só dois dormiam no alojamento.

Um deles, Raimundo da Luz Cardoso, 26, escapou do desabamento porque saiu para comprar um lanche.

Segundo o coordenador da Defesa Civil da cidade, Paulo Victor Novaes, cinco casas e um prédio no entorno continuam interditados.

Operários relataram à polícia ter percebido sinais de problemas como vigas envergadas e rachaduras na construção de cinco andares. Segundo eles, os responsáveis foram alertados.

A Folha não conseguiu falar com Fernando Salema, responsável pela construção.

Editoria de arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress

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