Folha de S. Paulo


País sede da Expo 2020 será escolhido hoje em Paris

O cantor e compositor Gilberto Gil foi a estrela da última apresentação da candidatura antes da votação para escolher a sede da Exposição Universal de 2020.

Gil cantou "No Woman No Cry", de Bob Marley, e "Imagine", de John Lennon, para uma plateia de centenas de delegados que lotaram o auditório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em Paris, na manhã desta quarta-feira.

Realizado a cada cinco anos, o evento é considerado o terceiro mais importante em termos de impactos econômicos e culturais, atrás da Copa do Mundo e das Olimpíadas. As outras candidatas são Dubai (Emirados Árabes Unidos), Izmir (Turquia), e Ekaterinburg (Rússia).

"Quando me formei fui para São Paulo trabalhar, meu primeiro grande momento de desenvolvimento da carreira artística se deu lá, sou casado com uma paulistana. São Paulo é como se fosse o grande espelho d'água que reflete todo o nosso processo civilizatório do país", disse o baiano Gil a jornalistas logo após a apresentação da cidade.

A última Exposição Universal foi realizada em 2010 em Shangai (China) e teve um público estimado de mais de 70 milhões de visitantes.

A primeira votação começou por volta das 14h30 em Paris (11h30, no horário de Brasília ), durante assembleia do BIE (Birô Internacional de Exposições), órgão responsável pela organização das exposições universais. A disputa deve ocorrer em três turnos, com a eliminação do menos votado em cada rodada.

Discursando em inglês pela manhã, o prefeito Fernando Haddad (PT) defendeu a diversidade da cidade de São Paulo --"construída por imigrantes" --e lembrou que seria a primeira vez que a Exposição Universal seria realizada na América Latina.

PETRODÓLARES E TWITTER

Delegados ouvidos pela Folha elogiaram a última apresentação brasileira, mas apontaram Dubai como franca favorita.

Potência petrolífera do Oriente Médio, os Emirados Árabes Unidos realizaram uma campanha agressiva para superar as rivais.

Os custos não foram revelados, mas especula-se que os árabes teriam aplicado mais de US$ 100 milhões na campanha --que incluiu declarações de apoio de celebridades internacionais como Lindsay Lohan e Pamela Anderson no Twitter e até promessas de investimento direto em diversos países afetados pela crise.

Diplomatas que acompanharam a campanha de São Paulo disseram que o fator econômico pode ser decisivo para Dubai, mas tinham no voto secreto a última esperança da candidatura brasileira.

Na quarta, durante uma entrevista na embaixada do Brasil em Paris, o prefeito Haddad deixou transparecer a contrariedade com a desigualdade dos meios de campanha sem citar diretamente a rival árabe.

"Fizemos o melhor que podíamos do ponto de vista de respeito ao processo, transparência no diálogo com os países e defesa técnica do projeto. Mas tem um jogo de bastidor que não sou nem capaz de descrever", queixou-se o prefeito.

"Se comparar com as candidaturas das outras cidades, a nossa campanha foi modestíssima. Até porque a legislação brasileira corretamente coloca limites bastante restritivos para este tipo de gasto", disse. Segundo o petista, o Brasil jogou limpo.


Endereço da página: