Folha de S. Paulo


Comerciantes pedem flexibilização de horários em faixas de ônibus de SP

A Associação Comercial de São Paulo pede para a prefeitura mais flexibilidade no horário de funcionamento das faixas de ônibus em avenidas e ruas onde há maior volume de comércio.

Segundo o presidente da entidade, Rogério Amato, o aumento do número de vias exclusivas aos coletivos na capital prejudicou pequenos comerciantes de todas as regiões da cidade. Os lojistas reclamam que a faixa dificultou o estacionamento dos clientes, o acesso à entrada das lojas e tirou a visibilidade dos estabelecimentos.

"Muitos comerciantes estão reclamando. Em alguns casos, lojistas me disseram que as vendas caíram pela metade. Os bairros têm ruas principais que são o 'coração' daquela localidade e essas faixas prejudicam", disse Amato.

A zona norte é uma das regiões apontadas por Amato. Por lá, há uma faixa na rua Alfredo Pujol, em ambos os sentidos.

No período da manhã, das 6h às 10h, a faixa funciona, no sentido centro, entre as ruas Chemin Del Pra e Voluntários da Pátria. No período da tarde, a via funciona das 16h às 20h, no mesmo trecho.

Alvaro Braconi, 71, é proprietário de uma loja de conveniência na rua. Ele não chegou a perceber uma queda no faturamento, mas reclama do trânsito causado após a instalação da faixa de ônibus pela prefeitura.

"Ficou muito ruim parar aqui na frente. Quando eles [os motoristas de carro] param, os ônibus precisam invadir a faixa dos carros. Isso dá um nó no trânsito na rua", disse.

Outra região onde também há reclamações de comerciantes, é a zona leste. Nesta semana lojistas interditaram parte da avenida Conselheiro Carrão para protestar contra a faixa na via.

AlessandroValle/Abcdigipress/Folhapress
Lojista da avenida Conselheiro Carrão fizeram, na última terça-feira (12) um protesto contra a faixa de ônibus; comerciantes dizem que vendas caíram pela metade
Lojista da avenida Conselheiro Carrão fizeram, na última terça-feira (12) um protesto contra a faixa de ônibus; comerciantes dizem que vendas caíram pela metade

"Não tem necessidade. A faixa de ônibus nem tem tantos ônibus assim. Só prejudica o movimento da loja, que caiu cerca de 50%", afirmou Antônio Luis Silvestre, 25, gerente de uma loja de bijuterias.

A faixa de ônibus, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), funciona no período da manhã das 6h às 9h e no período da tarde das 17h às 21h.

A avenida apresenta um volume de 140 ônibus por hora. Antes de ser implantada a faixa, a velocidade média dos coletivos no trecho era de 7,5 km/h. Agora, os veículos circulam a 14 km/h, em média.

O urbanista e consultor de tráfego Flamínio Fichmann endossa a crítica dos comerciantes. Segundo ele, a faixa de ônibus à direita tradicionalmente prejudica o comércio.

A saída, de acordo Fichmann, seria investir em corredores à esquerda em grandes avenidas e ampliar a flexibilização das faixas em avenidas menores e ruas de bairros.

"É preciso fazer a pesquisa 'Origem e Destino' em São Paulo. A prefeitura só pensa em ampliar o número de faixas e não pensa realmente na melhoria do sistema de transporte da cidade", disse.

O estudo mais recente sobre a velocidade média dos ônibus pelas faixas exclusivas indica que o aumento médio da performance foi 48,1%, ou seja, de 13,8 km/h para 20,4 km/h. Na região leste, a melhora foi na casa dos 35%. No período da tarde, por exemplo, a velocidade nas faixas subiu de 14,8 km/h para 20 km/h.

Por meio de nota, a CET ainda afirmou que os motoristas têm o direito de acessar os estabelecimentos comerciais e residenciais mesmo quando as faixas de ônibus não estiverem com sinalização pontilhada.

Segundo a nota, o agente só aplica a multa quando percebe a clara intenção do motorista em circular pelo eixo exclusivo, e não apenas fazer as conversões e acessos autorizados.


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