Folha de S. Paulo


Justiça mantém transferência de major preso pela morte de Amarildo

A 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio determinou que o ex-comandante da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, o major da Polícia Militar Edson dos Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros permaneçam detidos na penitenciária de Bangu 8, zona oeste da cidade.

Eles são acusados de envolvimento no desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, em 14 de julho passado.

Tanto o major como o tenente foram levados inicialmente para o Batalhão Especial Prisional --cadeia onde ficam os policiais militares detidos no Rio--, em Benfica, na zona norte do Rio, juntamente com outros oito denunciados, mas, a pedido do Ministério Público estadual, os oficiais foram transferidos para Bangu 8.

Os promotores do Ministério Público informaram ter recebido denúncias anônimas de que o major e o tenente estariam exercendo influência sobre os demais réus do processo.

O advogado Saulo Salles que defende os dois policiais alegou que a transferência aconteceu baseado em provas sem consistência. Salles ainda apresentou ao desembargador Marcus Quaresma declarações dos outros oito presos informando que nunca foram coagidos pelo major Edson Santos.

O argumento não convenceu ao desembargador que tomou a decisão de mantê-los em Bangu. O caso será levado ao colegiado da Câmara Criminal para que se decida definitivamente sobre a situação. A data ainda não foi definida.

PRESOS

Os três PMs que tiveram as prisões decretadas pela Justiça ontem se apresentaram nesta quarta-feira e seguiram para o Batalhão Especial Prisional. Eles são os sargentos Reinaldo Gonçalves e Lourival Moreira, e o soldado Wagner Soares.

Até o momento, 25 PMs foram denunciados por envolvimento no desaparecimento do ajudante de pedreiro. Destes, dez estão presos há 20 dias. Com a apresentação dos três PMs na tarde de ontem, outros 12 vão responder em liberdade. Eles são acusados de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver.

Amarildo de Souza desapareceu após ser levado para a sede da UPP há pouco mais de três meses.

Após depoimentos, durante as duas últimas semanas no Ministério Público estadual foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sessão de tortura a que Amarildo foi submetido ao lado do contêiner da UPP da Rocinha.

De acordo com a promotora Carmem Elisa Bastos, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo depois que ele foi levado para uma averiguação na base da UPP.

Os promotores do MP ainda suspeitam que outros PMs tenham participado da tortura contra o ajudante de pedreiro.


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