Folha de S. Paulo


Protesto contra reintegração tem confronto, incêndio e trem parado

Um novo protesto contra a reintegração de terrenos da região do Jardim Pantanal, na zona leste de São Paulo, voltou a gerar confronto, incêndio em veículos e interrupção na circulação dos trens na noite desta segunda-feira. A situação, porém, já estava mais calma por volta das 21h.

A manifestação começou às 16h50, quando alguns moradores jogaram objetos incendiados nos trilhos da linha 12-safira. Com isso, a circulação de trens foi interrompida em cinco estações por quase duas horas. Um novo bloqueio nos trilhos voltou a ocorrer mais tarde, mas foi logo removido por seguranças.

Os manifestantes também fecharam ruas da comunidade com barricadas e incendiaram ao menos dois carros. Eles também jogaram pedras contra os policiais, que responderam com bombas de gás e de efeito moral, além de spray de pimenta. Duas equipes da Tropa de Choque foram para o local.

REINTEGRAÇÃO

Esse é o terceiro confronto entre moradores da região e policiais militares nos últimos cinco dias. Outros tumultos já tinham ocorrido na noite da última quinta-feira (17) e na manhã desta segunda.

A reintegração que provocou as manifestações ocorreu na manhã de hoje e provocou confronto entre moradores e policiais militares. Ao menos 150 famílias tiveram de deixar dez terrenos que pertencem à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

O repórter-fotográfico do jornal "Agora" Rivaldo Gomes foi atingido na região lombar por estilhaços de uma bomba atirada pela Polícia Militar. Ele sofreu ferimentos leves e recebeu medicação. Não há informações de moradores ou policiais militares feridos.

ASSISTÊNCIA

Os moradores disseram que não foram procurados por nenhum órgão estadual ou municipal para cadastro de moradia ou bolsa-aluguel. Procurada, a CDHU disse que os afetados precisam procurar a companhia para fazer o cadastro de moradia. A prefeitura alegou que, como os terrenos pertencem ao governo do Estado, a assistência aos moradores cabe apenas à CDHU.

Em nota, a CDHU disse ainda que se reuniram com representantes das áreas invadidas e se dispôs a orientar os moradores sobre como pleitear atendimento por meio de uma parceria entre a Agência Estadual Casa Paulista e o Programa Minha Casa Minha Vida Entidades. Nessa parceria entre os governos estadual e federal, entidades habilitadas podem indicar suas demandas, desde que as famílias preencham os requisitos exigidos pelo programa.

Após a reintegração, a companhia cedeu caminhões para levar os móveis dos desabrigados. Muitos foram levados para um galpão de um pastor da região. "Disseram para mim que eu podia levar meus móveis para casa de parentes, mas meus parentes moram na Bahia. Não tenho para onde ir", diz Gilberto Bulhões Souza, 33, autônomo.

A CDHU afirma que a invasão prejudica o processo de regularização fundiária do núcleo, o que vai garantir a cada morador a garantia do seu imóvel. Os locais invadidos serão usados para a construção de praças, ruas e escolas.


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