Folha de S. Paulo


Sem acordo, estudantes da USP Leste mantêm ocupação a prédio

Estudantes da USP Leste decidiram manter a invasão ao prédio da administração do campus após reunião nesta sexta-feira (11) com o diretor da instituição, Edson Leite. Foi o primeiro encontro desde que o local foi invadido, há 11 dias.

A juíza da 5ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, Carmen Cristina Teijeiro, determinou na quinta-feira (9) a desocupação do local. Direção e estudantes vão buscar novo acordo em reunião na próxima segunda-feira (14).

Os alunos da USP Leste reivindicam eleições diretas para reitor e medidas para resolver um problema de contaminação do solo do campus.

Na Cidade Universitária (zona oeste), os estudantes também estão em greve. A principal reivindicação é a eleição direta para o cargo de reitor.

"Hoje discutimos mais a crise institucional da universidade. Queremos um posicionamento formal da direção contra a reintegração de posse. As outras reivindicações deixamos para a próxima semana", explicou Júlia Mafra, representante dos grevistas.

A Folha apurou que os estudantes temem um possível confronto com a Polícia Militar, caso a reintegração de posse do prédio aconteça. Eles querem garantia de segurança e ausência de sanções administrativas como, por exemplo, a expulsão da universidade.

O diretor do campus, por meio da assessoria, afirmou que não "quer a presença da Polícia Militar na instituição", mas não pode impedir a entrada dos policiais no campus para cumprir a decisão da Justiça. Sobre possíveis sindicâncias contra os alunos, declarou que só haverá punições se o prédio "for depredado".

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo, ainda não foi marcada data para a desocupação do prédio, que depende de acordo com a PM.

A reportagem não foi autorizada a entrar no espaço em que os estudantes utilizam como dormitórios. Para manter a invasão, cerca de 140 estudantes se revezam ao longo do dia --a unidade tem cerca de 5.300 alunos.

SOLO CONTAMINADO

A colocação de uma placa com o aviso de que a área da universidade estava contaminada por parte da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), em agosto, foi o estopim para a deflagração da greve dos estudantes, professores e técnicos na unidade. Eles também pedem que a atual diretoria seja destituída para a realização de eleições diretas no campus.

A Promotoria de Meio Ambiente da capital aguarda relatório da Cetesb para decidir se ingressa com uma Ação Civil Pública contra a USP Leste. A universidade se comprometeu a reformular um plano de ação para remover o solo contaminado da área.

CAMPUS CENTRAL PARALISADO

A Reitoria da USP, na zona oeste, também está ocupada por estudantes desde o início do mês. A principal entrada da Cidade Universitária foi bloqueada na manhã desta sexta-feira (11).

O juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara de Fazenda Pública, rejeitou o pedido de reintegração de posse na última quarta-feira (9). A reitoria recorreu da decisão, mas não obteve decisão favorável.

Segundo os organizadores, a greve foi aprovada em assembleia por cerca de 3.000 estudantes. Cerca de 300 se revezam na invasão --o campus tem mais de 49 mil alunos.

Parte dos que estão fora do movimento apoia a reivindicação, mas questiona se a invasão é o melhor caminho. "É uma greve fetichista", disse um estudante de artes cênicas, que preferiu não se identificar. "Algumas aulas são bastante abertas e ótimos espaços para discutir a política da universidade", sugeriu.


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