Folha de S. Paulo


Alunos em greve continuam com invasão na reitoria da USP

Alunos da USP (Universidade de São Paulo), em greve, estão desde ontem à tarde (1) acampados dentro do prédio da reitoria do campus, na zona oeste de SP. O grupo pede mais autonomia no processo eleitoral para a escolha do novo reitor da universidade.

Os estudantes, que decidiram em assembleia permanecer no prédio, devem realizar hoje reuniões com outros alunos das faculdades para apresentar a proposta do movimento. Cerca de 400 estudantes participaram da invasão ontem. Uma porta foi arrombada e as paredes internas, pichadas. Os alunos quebraram uma porta para invadir o saguão da reitoria. Hoje, no local funciona o prédio da administração central.

Alunos da USP mantêm ocupação da reitoria e decidem iniciar greve
Após reunião, Conselho da USP decide eleger novo reitor em turno único

"O processo eleitoral atual beneficia apenas os interesses de uma minoria dentro da USP. É preciso mais transparência na escolha do reitor, com voto paritário entre funcionários, alunos e professores", disse Gustavo Rego, estudante de Ciências Sociais e diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes).

A maioria dos estudantes está com o rosto coberto com camisetas para evitar a identificação e possíveis represálias. Todas as portas da reitoria estão fechadas com tapumes improvisados e o acesso à reitoria está restrito aos estudantes que se revezam no local. Poucos policiais e guardas universitários estavam próximos da reitoria nesta manhã.

Segundo Rego, o prédio só será desocupado quando as reivindicações forem atendidas. "Tentamos dialogar ontem durante a reunião do Conselho Universitário, mas o encontro foi fechado. Até agora ninguém nos procurou para tentar colocar um fim a este impasse", afirmou o diretor do DCE.

O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) divulgou uma nota em que manifesta apoio à ocupação da reitoria e greve. O sindicato informou que amanhã (3) fará uma assembleia de funcionários das USP às 12h30 na sede do sindicato. "A luta por democratização da USP está apenas começando e estaremos juntos, trabalhadores e estudantes, até a vitória", informou a nota do sindicato.

A reunião do Conselho Universitário iria decidir se as próximas eleições para a reitoria serão, ou não, diretas. O pleito deve ocorrer ainda neste mês. Atualmente, as eleições para reitor na USP têm dois turnos.

No primeiro, os 1.925 eleitores escolhem três nomes. Os mais votados vão para o segundo turno, em que participam 330 eleitores entre alunos, professores e funcionários.

Depois, o governador do Estado escolhe um entre uma lista de três nomes. Os manifestantes querem o fim dessa lista tríplice. O atual reitor da USP, João Grandino Rodas, foi escolhido, pelo então governador José Serra (PSDB), em 2009 mesmo não tendo sido o mais votado. Ele fica no cargo ate janeiro do ano que vem.

Atualmente, professores, alunos e funcionários participam apenas indiretamente do processo, por meio de representantes em conselhos --que são os que escolhem o nome do dirigente.

No fim da tarde de ontem, a USP divulgou mudanças nas eleições. A escolha caberá a uma Assembleia Universitária, formada pelo Conselho Universitário, por conselhos centrais (das unidades), conselhos dos institutos e museus e outros.

O processo também passou de dois turnos para turno único e haverá uma consulta em caráter apenas informativo à comunidade da USP (o que inclui alunos e funcionários). A lista tríplice não sofreu alterações.


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