Folha de S. Paulo


Bombeiros continuam buscas a desaparecido em desabamento em SP

Após encontrar o corpo do pedreiro Claudemir Viana, por volta das 7h15, os bombeiros continuam as buscas ao corpo de mais um operário desaparecido nos escombros de um prédio em construção que desabou, em São Mateus, na zona leste de São Paulo, na manhã de terça-feira (27).

Para facilitar as buscas os bombeiros dividiram a área em quatro. Em uma dessas partes, onde eles acreditam não haver vítimas, o entulho começou a ser removido por duas retroescavadeiras.

"Neste local [onde o entulho é retirado], não há ninguém. Por isso, mudamos a estratégia", disse o capitão dos bombeiros Marcos Palumbo. A intenção é isolar a área onde dois funcionários podem estar.

Em um desses pontos, foi encontrado um boné com manchas de sangue e, no outro, cães farejadores que ajudam no resgate indicaram que há algo estranho.

Os bombeiros encerraram as buscas em uma das áreas demarcadas como suspeita de haver vítimas após encontrarem apenas carne animal. Segundo testemunhas, havia uma caçamba no local.

No começo da tarde de ontem, os bombeiros suspenderam as ações com máquinas e pediram para que os helicópteros que sobrevoavam a região se afastassem. A ideia era tentar escutar alguma possível reação das vítimas. Cães farejadores, que atuaram durante a madrugada, também voltaram a vasculhar os entulhos em busca de sinais de sobreviventes.

Ainda não há informações sobre as causas da tragédia. Mais cedo, em entrevista à Folha, o pintor Gleisson Feitosa, disse que a estrutura da obra "estava fraca".

De acordo com o funcionário, que estava no momento da acidente, o fato já havia sido avisado aos responsáveis pela obra que "pediam para continuar".

ACIDENTE

A queda do prédio deixou nove pessoas mortas, 26 feridas e uma desaparecidas, que ainda está sendo procurada. O capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, disse durante a tarde de ontem que acha difícil encontrar pessoas vivas no local.

O advogado Edilson Carlos dos Santos, que representa o dono do prédio, Mustafa Abdallah Mustafa, afirmou que modificações feitas por uma empresa de engenharia depois que o galpão já havia sido entregue à rede de lojas Torra Torra podem ter causado o acidente.

Segundo Santos, a obra foi entregue em julho para a Torra Torra, que alugou o imóvel para fazer uma nova unidade. Ele diz que funcionários da empresa Salvatta Engenharia teriam feito escavações no terreno. A empresa, sempre segundo o advogado, estava fazendo alterações para a instalação de elevadores e escadas.

Já a Salvatta Engenharia disse em nota ter sido vítima "da irresponsabilidade dos proprietários" do imóvel. A nota também é assinada pelo Magazine Torra Torra, que contratou a empresa.

De acordo com o texto do Torra Torra e da Salvatta, a responsabilidade pela construção foi do dono do prédio. "As chaves do imóvel ainda não foram entregues pelo proprietário, porque as obras a que se obrigou não foram concluídas. Também não houve a entrega do Alvará de Construção e nem do Projeto Executivo", diz trecho da nota.


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