Folha de S. Paulo


Polícia ouve hoje mais duas testemunhas sobre o caso de PMs mortos em SP

Duas testemunhas deverão ser ouvidas nesta sexta-feira (16) em mais uma etapa das investigações sobre o caso da família de PMs mortos, na zona norte de São Paulo, no começo deste mês. Os depoimentos deverão acontecer ao longo do dia.

De acordo com a Polícia Civil irão depor hoje o motorista da van que Marcelo Pesseghini, 13, costumava pegar para ir para a escola e um colega de colégio do jovem que é apontado pela polícia como sendo o autor do homicídio dos pais, um casal de PMs, da tia-avó e da avó.

O objetivo dos investigadores é traçar um perfil da família morta há mais de 10 dias dentro de uma casa no bairro da Brasilândia. A polícia ainda pretende ouvir colegas de trabalho do sargento da Rota Luís Marcelo Pesseghini, 40, e da cabo PM Andreia Regina Pesseghini, 36.

Ontem nenhuma testemunha foi ouvida pelos investigadores do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Na quarta-feira (14), um amigo de Marcelo Pesseghini disse à Polícia Civil que foi convidado a participar da chacina.

Conforme o relato desse jovem, Marcelo ligou para ele no dia 4 de agosto, véspera do crime, e relatou que colocaria em prática seu plano. Segundo relatos de quem acompanhou o depoimento, a testemunha reforçou a tese da polícia de que foi Marcelo quem matou os pais, a avó e uma tia-avó.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com a principal linha de investigações, Marcelo matou a família, dirigiu com o carro dos pais até a escola, frequentou as aulas de manhã e retornou para casa de carona. Na sequência, ele se matou.

A Polícia Militar disse que investiga também a acusação de que Andreia teria sido convidada a participar de roubos a caixas eletrônicos. A informação foi dada pelo deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), major da reserva da PM.

Ele denunciou o caso à Corregedoria da corporação. O político disse que a policial chegou a denunciar os colegas na época ao seu superior, o capitão Fábio Paganoto. Porém, conforme o deputado, o capitão tentou apurar o fato e acabou sendo transferido para outro batalhão. Em nota a PM informou que a transferência de Paganoto não tem "qualquer relação com a suposta denúncia".

Em entrevista a rádio Bandeirantes na semana passada, o tenente-coronel Wagner Dimas, então comandante do 18º batalhão, também disse que Andreia havia delatado colegas envolvidos em roubo a caixas eletrônicos. Ele afirmou ainda que não acreditava que Marcelo fosse o responsável pelas mortes.

No dia seguinte, foi chamado para depor na Corregedoria da PM e desmentiu os fatos. Na ocasião, o policial disse que não foi claro ao se expressar ao repórter que o entrevistava.

Dimas foi afastado segunda-feira (12) do comando do 18º batalhão. A Folha apurou que ele foi deslocado para fazer trabalhos administrativos no batalhão responsável por planejar ações de policiamento comunitário. Por meio de nota, a PM informou que o coronel Dimas está em tratamento de saúde.

CENA DO CRIME

A casa onde a família foi morta não teve a cena de crime totalmente preservada. A informação consta de nota divulgada na terça-feira (13) pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.

"O departamento [Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, DHPP] apenas confirmou afirmação da imprensa de que o local 'não estava totalmente idôneo'. Isso, evidentemente, não quer dizer que houve violação proposital da cena do crime", diz o texto.

Sebastião de Oliveira Costa, 54, parente das vítimas, disse, no último sábado, que chegou à casa às 17h45 do dia 5 e que havia ao menos 30 PMs dentro dela, antes da chegada da perícia.

A polícia pretende chamar para depor os policiais militares que entraram na casa antes da chegada da perícia.


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