Folha de S. Paulo


Manifestantes invadem plenário da Câmara Municipal de Campinas

Cerca de 200 manifestantes invadiram o plenário da Câmara Municipal de Campinas (a 93 km de São Paulo) por volta das 20h desta quarta-feira (7) e interromperam o segundo dia de sessão dos vereadores após as férias de meio de ano do Legislativo.

O grupo pede a instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o sistema público de transporte da cidade, a saída do secretário que controla a pasta, Sérgio Benassi, e o passe livre no município.

Após a invasão, vereadores deixaram o plenário por uma porta de acesso ao interior do edifício. Com a chegada da Força Tática da PM, manifestantes bloquearam depois a entrada do plenário com mesas e cadeiras. Uma das paredes foi pichada.

O presidente da Câmara, Campos Filho (DEM), tentou conversar com os manifestantes por uma janela e propôs receber uma comissão para ouvir as reivindicações, mas a proposta foi recusada sob o argumento de que uma comissão já havia sido recebida há dois meses pelos vereadores sem que as reivindicações fossem atendidas.

"Já nos reunimos com o Campos Filho, já protocolamos abaixo-assinado com 10 mil assinaturas, e até agora não nos deram resposta", disse Bruno Modesto, 24, estudante e coordenador do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Unicamp.

A Folha tentou contato com o presidente da Câmara, seu gabinete e seu assessor, mas foi informada por sua secretária que estava em reunião e não poderia se pronunciar.

Vereadores da oposição dizem que um pedido de reintegração de posse foi pedido por Campos Filho, mas ele foi negado.

"Fomos para o recesso sem responder às demandas que vêm das ruas", disse o vereador Paulo Bufalo (PSOL), que propôs uma CPI para investigar o transporte público da cidade. "Espero que essa não seja a primeira Casa do país a retirar manifestantes com o uso da força."

OCUPAÇÃO

Por volta das 23h30, cerca de cem manifestantes --a maioria integrantes de movimentos sociais e estudantes da Unicamp e da PUC da cidade-- decidiam se passariam a noite na casa legislativa ou se abandonavam o plenário. Não há consenso.

Há divergência também em relação à depredação de equipamentos da Casa. Mesas, cadeiras e paredes, assim como a tribuna e a mesa diretora do plenário, foram pichados. Extintores foram usados na recepção do plenário e as câmeras de vigilância foram tampadas com panos para impedir o monitoramento da sala.

Com escudos, 30 policiais da Força Tática começam a entrar no plenário. Os manifestantes dizem que vão permanecer no local.

Policiais militares e guardas municipais impedem a entrada de mais pessoas na Câmara, inclusive da imprensa. Apenas a saída é liberada.

Durante a ocupação, parte dos manifestantes comemorou quando um deles conseguiu sintonizar o jogo entre Santos e Corinthians na televisão que há no plenário.

Minutos depois, no entanto, eles foram da euforia ao desânimo quando um deles atirou um tênis no aparelho --que acabou quebrando no momento em que o Corinthians marcava um gol no começo da partida.


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