Folha de S. Paulo


Após dois anos da morte de Vitor Gurman, familiares protestam em SP

Amigos e familiares de Vitor Gurman, jovem atropelado no ano retrasado enquanto caminhava pela calçada na Vila Madalena (zona oeste), se reuniram neste domingo para protestar contra a morte do rapaz.

Ao menos 150 pessoas se reuniram em frente a estação de metrô Vila Madalena. Os manifestantes ocuparam uma das faixas da rua Heitor Penteado, sentido centro. Eles fizeram uma caminhada de uma hora até a rua Natingui, onde o rapaz foi atropelado.

O grupo caminhou com cartazes e camisetas da campanha Viva Vitão --criada pelo pai, Jairo Gurman, 54, que pede a condenação por assassinato intencional (homicídio doloso) da motorista, a nutricionista Gabriella Guerrero Pereira, 31. Eles entregaram panfletos nos bares da região com alertas sobre os perigos de se dirigir embriagado.

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
Jairo Gurman, pai de Vitor, junto com familiares e amigos de vítimas da violência do trânsito e de crimes impunes durante passeata pelas ruas da Vila Madalena, zona Oeste de SP
Jairo Gurman, pai de Vitor, junto com familiares e amigos de vítimas da violência do trânsito e de crimes impunes durante passeata pelas ruas da Vila Madalena, zona Oeste de SP

"Essa caminhada é para tentar tirar o nó na nossa garganta. Também é para lembrar os nomes de outras vítimas de crimes de trânsito", disse o pai, de cima de um carro de som. "Nós queremos também pressionar nossos políticos por legislações de trânsito mais firmes. Chega de impunidade".

Ele pediu a adesão ao projeto popular que visa endurecer a legislação para crimes no trânsito causados por motoristas embriagados. A petição conta com cerca de 937.132 mil assinaturas (72% do necessário) e está hospedada no endereço www.naofoiacidente.org

"Estou fazendo a minha parte. Não podemos mudar o mundo do dia para a noite, mas essa caminhada é um ato simples para tentar conscientizar outras pessoas, para que ninguém mais precise sentir na pele a perda de um amigo ou de um parente em um crime de trânsito", disse Guilherme Berberian, 26, amigo de Vitor que participava do ato.

ATROPELAMENTO

Vitor caminhava pela calçada da rua Natingui no dia 22 de julho de 2011 quando foi atropelado pelo jipe Land Rover, que era dirigido pela nutricionista Gabriela Guerrero, 30. Ele morreu seis dias depois, aos 24 anos.

Após o acidente, a polícia disse que a motorista estava alcoolizada e em velocidade acima do permitido na rua (30km/h). Ela nega e diz que bebeu só um drinque. Um exame feito no IML (Instituto Médico Legal) constatou que ela "estava alcoolizada, mas não embriagada".

A Justiça havia proibido a nutricionista de frequentar bares, além de suspender a carteira de habilitação dela após reportagem exibida na TV Bandeirantes.

A juíza Eliana Cassales Tosi de Mello, da 5ª Vara do Júri da capital, aceitou o pedido do Ministério Público, que usou uma reportagem do programa CQC, para mostrar que a jovem dirigia com a carteira de habilitação vencida havia menos sete meses.

A acusada recorreu da decisão e a medida cautelar que a proibia de frequentar bares foi derrubada no mês passado. Os advogados José Luis Oliveira Lima e Ana Carolina Piovesana alegaram que a decisão não tinha amparo e que ela "em momento algum colocou em risco a apuração dos fatos".

Neste ano, a promotora Mildred Gonzalez deve decidir se vai denunciá-la ou não por homicídio por dolo eventual (quando se assume o risco de matar).

Em entrevista à Folha à época, ela disse que bebeu apenas uma margarita e que perdeu o controle do carro. O Instituto de Criminalística constatou que ela dirigia a 57 km/h, numa rua onde o limite é 30 km/h.


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