Folha de S. Paulo


Nova etapa do julgamento do Carandiru começa na próxima segunda-feira

O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo marcou para a próxima segunda-feira (29) o segundo júri do Massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em 1992 para o dia 29 de julho.

O julgamento dos 26 policiais militares acusados de matar 73 pessoas no segundo andar da Casa de Detenção está marcado para começar às 9h, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.

Veja especial do Massacre do Carandiru
Cinco PMs condenados por mortes no Carandiru continuam em serviço

Inicialmente, a acusação falava em 30 policiais responsáveis pelas mortes, mas três deles morreram durante o processo e um quarto foi retirado deste júri até que o judiciário analise um pedido de alegação de insanidade mental feito pela defesa.

O primeiro júri, referente às mortes ocorridas no primeiro andar, durou seis dias e ocorreu em abril deste ano. Vinte e três dos 26 PMs julgados foram condenados a 156 anos de prisão. Eles saíram do Fórum da Barra Funda, na zona oeste, livres, já que poderão recorrer em liberdade.

Três policiais foram inocentados a pedido do próprio Ministério Público. Segundo os promotores não havia indícios de que dois deles haviam participado das mortes e o terceiro não estaria no primeiro andar.

Os julgamentos foram divididos em quatro, pelas ações policiais nos quatro andares do Pavilhão Nove.

O CASO

A confusão começou durante um jogo de futebol, com uma briga entre dois homens de quadrilhas rivais. O confronto saiu do campo e subiu os andares do prédio onde eram encaminhados os novatos no universo prisional. Houve quebra-quebra e colchões foram incendiados pelos detentos.

A Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, invadiu a Casa de Detenção no dia 02 de outubro de 1992 e, de forma trágica, colocou um fim na rebelião.
Já na reserva da PM, o coronel ganhou imunidade parlamentar ao tomar posse como deputado estadual pelo PSD, em janeiro de 1997.

O processo contra os 120 acusados ocorreu de forma lenta, arrastando-se por mais de 20 anos. Ubiratan foi o primeiro a ser julgado, 8 anos após o confronto, em 29 de novembro de 2000, mas o julgamento foi cancelado no terceiro dia da sessão, após um jurado ter passado mal.

No dia 29 de junho do ano seguinte, a Folha acompanhou o último dia de julgamento do chefe do Massacre do Carandiru, quando a juíza Maria Cristina Cotrofe o condenou a 632 anos de prisão, por 5 tentativas de assassinato e pela coautoria na morte de 102 presos. O coronel pode recorrer da decisão em liberdade.

Editoria de Arte/Folhapress
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