Folha de S. Paulo


Manifestação em Fortaleza reúne 30 mil e registra atos de vandalismo

Uma manifestação pelas ruas de Fortaleza nesta sexta-feira (21) começa a registrar os primeiros atos de vandalismo.

O grupo iniciou no final da tarde uma passeata pela orla da capital cearense, tendo como bandeira principal a reivindicação por mais investimentos em saúde e educação.

A estimativa inicial era de cerca de mil participantes

Os manifestantes empunhavam bandeiras do Brasil e a principal palavra de ordem era "Da Copa eu abro mão, quero dinheiro para saúde e educação".

Havia intenção de passar em frente aos hotéis onde estão hospedadas as seleções da Espanha e da Nigéria, que jogarão neste domingo (23) na cidade pela Copa das Confederações.

O grupo acabou passando apenas pelo hotel que hospeda a Espanha. Em frente ao local, manifestantes se sentaram e promoveram uma espécie de jogral, em que afirmavam que o ato não era contra a presença dos jogadores, mas por demandas sociais.

Decidiu-se então seguir em direção à prefeitura, e enquanto algumas pessoas se dispersavam, outros começaram a apedrejar ônibus e chutar tapumes de obras. Havia também relatos sobre furtos no meio da passeata.

Por volta das 19h45, uma barreira policial estava formada a cerca de 500 metros da sede da prefeitura, e os manifestantes estavam em frente aos policiais. Um grupo defendia a manifestação pacífica.

Por volta das 20h, a polícia militar calculava que entre 25 mil e 30 mil manifestantes participavam do protesto.

Às 20h15, começou um confronto quando alguns manifestantes atiraram pedras nos policiais, que responderam com bombas e começaram a dispersar as pessoas.

"A polícia identificou que esses manifestantes encapuzados e com mochilas já vieram comentando que partiriam para o confronto", afirmou o coronel Carlos Ribeiro, comandante do policiamento na capital cearense.

PROTESTO

O dia de protesto em Fortaleza (CE) na quinta-feira (20) terminou com confronto em frente à sede do governo e ao menos 61 detidos.

Por volta das 20h, após passeata pacífica, um grupo de manifestantes tentou invadir o Palácio da Abolição, sede do governo, onde o governador Cid Gomes (PSB) esteve durante toda a confusão.

O local virou uma praça de guerra, com a polícia atacando com balas de borracha e os manifestantes com pedras e bombas caseiras.

O saldo final foi de 61 detidos --55 adultos e seis adolescentes.

Havia ao menos 3.000 manifestantes em frente ao palácio, mas nem todos participaram dos atos de vandalismo. Os que defendiam um ato pacífico avisaram à polícia que sairiam e foram embora.

Os participantes do protesto tentaram definir uma pauta de reivindicações ao governador Cid Gomes (PSB), mas o movimento estava dividido e não houve consenso.

Parte dos agressores usava máscaras. Por volta das 20h, esse grupo rompeu as cercas de metal armadas para impedir a invasão do palácio e quebraram os vidros da guarita de entrada.

A PM recuou e evitou o confronto.

Os que tentavam invadir chegaram a entrar no perímetro do Palácio da Abolição, mas a PM formou uma barreira e impediu a invasão total.

Os manifestantes recuaram e ficaram, de longe, atirando pedras no palácio. Também jogaram as cercas de metal nos espelhos d'água do imóvel --local que mais cedo servira de banheira para alguns manifestantes.

A PM avançou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, dispersando o grupo. Também dispersou os manifestantes a golpes de cassetete.

Formou-se um cordão de isolamento na avenida Barão de Studart, na frente do palácio, e ruas laterais foram fechadas.

Em reação, os vândalos atiraram pedras contra prédios, lojas e uma agência da Caixa Econômica Federal nas proximidades. Eles acabaram encurralados e os policiais começaram a prendê-los e revistá-los. Todos foram levados a uma delegacia próxima.

Segundo a Polícia Civil, todos os presos mantiveram confronto com a polícia. Entre as mochilas de alguns, ainda segundo a corporação, havia bombas, canivetes e estilingues com bolas de gude, usadas para quebrar os vidros do palácio.

Policiais infiltrados no movimento e funcionários do governo estadual filmaram e tiraram fotos dos manifestantes, material que será usado para definir responsabilidades. Todos poderão responder por dano qualificado ao patrimônio, incitação à violência, formação de quadrilha e lesão corporal.

Houve dois PMs feridos por pedradas. Não havia balanço de manifestantes feridos na noite desta quinta (20).

Familiares e amigos dos detidos diziam na delegacia que vários deles tinham sido presos já longe da manifestação e não haviam participado de atos de vandalismo.

FIM CAÓTICO, INÍCIO PACÍFICO

O protesto na capital cearense começou pacífico, por volta das 16h, na praça Portugal, área nobre de Fortaleza.

Manifestantes marcharam pedindo redução da tarifa de ônibus e a entrega das carteirinhas de estudante de 2013, que está atrasada.

A manifestação havia sido organizada por estudantes do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade Federal do Ceará, que pediam a todo momento que não houvesse vandalismo.

Os estudantes foram até a Assembleia Legislativa. Negociaram com a PM uma reunião com o presidente da Assembleia, Zezinho Albuquerque, e o secretário de Educação da prefeitura, Ivo Gomes, ambos do PSB. De lá, seguiram para o Palácio da Abolição, onde o ato acabou em violência.


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