Folha de S. Paulo


Protestos fecham comércio em SP; com boato, Center Norte reabre amanhã

Vários estabelecimentos da região da praça Silvo Romero, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, fecharam mais cedo devido a protestos na tarde desta sexta-feira. Por volta das 16h30, algumas pessoas já se reuniam no local, fazendo faixas e pintando os rostos. Uma base da Polícia Militar, no local, afirmou que o policiamento seria reforçado.

Entre os locais que fecharam mais cedo estão agências bancárias, lotéricas, lojas de roupa e uma loja da rede Magazine Luiza. Raimundo de Jesus, 34, gerente da Drogaria Onofre, afirmou que já sabia desde ontem do protesto e decidiu fechar às 16h devido ao medo de vandalismo.

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Segundo Douglas Passos, 23, que organizou a manifestação pelo Facebook, o grupo deve sair da praça e fechar a Radial Leste, nos dois sentidos. Ele afirmou não ser ligado a nenhum movimento ou partido político, mas disse que o protesto acontece por conta de várias reivindicações.

"Não temos um pleito único. Estamos insatisfeitos com tudo. Transporte, saúde. Hoje não é só passagem, é por tudo", afirmou o jovem.

O shopping Center Norte, na zona norte, também decidiu baixar as portas mais cedo depois que boatos divulgados em redes sociais informavam que haveria um protesto no local. O complexo, um dos maiores da cidade, abriga os shoppings Center Norte, Lar Center e o centro de convenções Expo Center Norte. Ele foi fechado às 16h e só abrirá amanhã (22) às 10h.

Em nota, o centro comercial informou que a decisão de encerrar as atividades seis horas antes do previsto foi tomada para "garantir o direito de livre manifestação e segurança dos clientes, lojistas, expositores, colaboradores e visitantes".

A Polícia Militar diz que não recomendou fechamento do comércio. Em nota, informou que "eventuais fechamentos de estabelecimentos comerciais ou suspensão de atividades escolares são medidas de caráter particular e não foram recomendadas pela Polícia Militar".

Alunos da USP (Universidade de São Paulo) também divulgaram por redes sociais que haveria um protesto próximo à Cidade Universitária e que aulas seriam canceladas. A Reitoria, porém, disse que não havia nenhuma recomendação nesse sentido.

Um grupo organizou um protesto por meio de redes sociais para as 17h desta sexta-feira na marginal Tietê, entre as pontes da Vila Guilherme e Remédios.

ÚLTIMOS PROTESTOS

As manifestações realizadas na quinta-feira (20) levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas. Apenas as capitais, acumularam 939.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar de cada um dos Estados. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Nessa quinta-feira, foram registrados confrontos em 12 capitais. Um dos casos mais violento ocorreu em Brasília, onde manifestantes quebraram o cerco da polícia e destruíram vidraças do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.

No Rio, policiais disparam tiros de balas de borracha e jogaram bombas de gás lacrimogêneo para dispensar os manifestantes. Ao menos 22 pessoas feridas foram encaminhadas ao hospital municipal Souza Aguiar, no centro do Rio, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Houve ainda registro de saques.

Na capital paulista, o confronto aconteceu entre manifestantes ligados a partidos e outros que eram contra o envolvimento dos partidos políticos no ato. Houve agressão e bandeiras de partidos foram queimadas na avenida Paulista. Não há registro de pessoas detidas.

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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