Folha de S. Paulo


Sete são detidos em Curitiba (PR); manifestação chega ao fim

Após um protesto pacífico que reuniu 3.500 manifestantes, sete pessoas foram detidas pela Polícia Militar em Curitiba na noite desta quinta-feira (20).

Elas integravam um grupo que tentou invadir e depredou o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual. Portas e vidros foram quebrados e paredes, pichadas com inscrições como "Fora, Copa".

A sede da prefeitura, a poucos metros dali, também teve vidros quebrados. Além disso, um ônibus e um ponto de táxi foram apedrejados pelos vândalos. Alguns deles gritavam "a violência vem do Estado".

Não havia registro de feridos até as 23h de hoje, segundo a PM.

A confusão começou por volta das 21h50, em frente ao Palácio Iguaçu. Cerca de cem pessoas permaneciam no local, hostilizando e tacando pedras contra os policiais que protegiam o portão. Boa parte delas estava encapuzada.

Alguns jornalistas que filmavam os agressores também foram alvo de pedradas, sem gravidade.

A PM não reagiu e só avançou em direção ao grupo no momento em que o portão cedeu. Não foram usadas bombas de gás ou tiros de borracha.

Alguns manifestantes que permaneciam no local tentavam impedir o grupo de invadir o palácio. Sentaram em frente ao portão, entre a PM e os agressores, gritavam "sem violência" e empunhavam bandeiras do Brasil.

A maior parte dos manifestantes já havia saído do palácio quando começou a confusão. Eles se dirigiram à rodoviária da cidade, onde o protesto terminou pacificamente, por volta das 22h.

Um novo ato organizado pela Frente de Luta pelo Transporte de Curitiba está programado para amanhã, às 18 horas, na praça Rui Barbosa.

PELO PAÍS

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.

No Rio, o protesto ficou tenso no início da noite. O problema ocorreu com chegada dos manifestantes em frente à prefeitura, no centro da cidade, ponto final da passeata.

Por volta das 18h50, morteiros foram disparados pelos manifestantes. Em resposta, a polícia disparou bombas de efeito moral. A cavalaria da PM avançou para dispersar pessoas que tentavam invadir a sede da administração municipal.

Em Natal (RN), cerca de 400 pessoas entraram no Centro Administrativo do Estado, que reúne os principais órgãos públicos. Houve concentração de manifestantes em frente à Governadoria.

Um grupo menor, de rostos tapados, queimou objetos, formando uma fogueira na frente da rampa de acesso ao prédio. Também arrancaram placas de sinalização e começaram a jogar algumas na fogueira.

Bombas e pedras foram atiradas contra os policiais. A polícia revidou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve prisões.

Manifestantes tentaram invadir, em Fortaleza (CE), o Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará, e depredaram o prédio. O local virou uma praça de guerra entre vândalos e Polícia Militar, com balas de borracha de um lado e coquetéis molotov de outro. Ao menos 30 pessoas foram presas, segundo a PM.

Também foram registradas situações de confrontos e depredações em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Salvador (BA), Vitória (ES), Belém (PA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Teresina (PI) e Macapá (AP).

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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