Moradores da favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, acusam policiais do Bope e do Batalhão de Choque de terem agredido e extorquido moradores, além de terem praticado atos de vandalismo durante operação contra o tráfico de drogas na região na quinta-feira (2).
Segundo os moradores, várias casas foram reviradas e bens foram quebrados e furtados.
A Polícia Militar informou que abriu inquérito para apurar as denúncias e que dará auxílio às pessoas que auxiliarem nas investigações.
Entre as supostas vítimas está o fotógrafo cadeirante Ubirajara Carvalho, que contou que teve a casa revirada pelos policiais e a máquina fotográfica, seu equipamento de trabalho, jogada no vaso sanitário.
"Fiquei revoltado, indignado. Eu me senti invadido, violentado", disse Bira.
O fotógrafo contou que não estava em casa no momento da invasão dos policiais e que foi avisado por vizinhos.
"Tinham quebrado tudo. Meu fogão estava virado, o botijão virado escapando gás. Todas as minhas coisas, gavetas, um rádio pequeno que eu tinha, tudo quebrado e minha máquina, que é meu material de trabalho, no vaso", lamentou Bira.
Professor de geografia do município, Bruno Paixão Leite, 31, disse que passou por momentos tensos com policiais do Bope.
"Eles não tinham mandados de busca. Todos os meus pertences estavam revirados, exceto o dinheiro que eu tinha, em euro e libras, que foi guardado pelo policial. Quando eu os questionei sobre o dinheiro, ele tirou da farda e me devolveu. Disse que não queria roubar aquela porcaria", contou o professor, que disse ter acabado de voltar de uma viagem ao e
xterior.
Os casos foram registrados na Delegacia de Bonsucesso. Ao menos três moradores fizeram acusações contra os policiais militares. A Polícia Civil periciou as casas que teriam sido invadidas.
À tarde, os moradores prestaram depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e à Defensoria Pública.