Folha de S. Paulo


Feira da Madrugada será desocupada até o dia 9 de maio, diz secretário

O secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da cidade de São Paulo, Eliseu Gabriel, assinou nesta terça-feira (30) decreto que prevê a desocupação da Feira da Madrugada, no Brás, até o próximo dia 9 de maio, data em que a prefeitura pretende desocupar a área.

Não há previsão para os cerca de 4.000 boxes serem transferidos para outro lugar. Uma equipe montada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) ainda estuda locais que possam abrigar temporariamente os comerciantes que atuam no espaço. A Feira da Madrugada é um centro de compras que atrai 25 mil pessoas por dia ao Brás, no centro da cidade. Ela é realizada desde 2004 num galpão de 137 mil metros quadrados da União --que cedeu o espaço provisoriamente à prefeitura.

A prefeitura pretende fazer um recadastramento dos comerciantes para, se possível, devolvê-los à área. Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto, a intenção é desocupar em comum acordo com os comerciantes. A Guarda Municipal e a Polícia Militar devem acompanhar a retirada dos comerciantes.

O fechamento, por tempo indeterminado, foi confirmado pela prefeitura e é motivado por uma recomendação do Ministério Público, que detectou alto risco para a segurança dos frequentadores.

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que teve reuniões com o Corpo de Bombeiros nos últimos dois meses e foi informado que a situação era grave.

"O laudo do Corpo de Bombeiros é muito taxativo. É uma coisa que diz respeito a todos os trabalhadores da feira e dos visitantes. Imagine só naquela área, com risco de incêndio, sem a menor condição de entrada de profissionais para combater um incêndio. Não queremos isso", disse Haddad.

Segundo o secretário de Coordenação de Subprefeituras, Chico Macena, será feita uma contratação emergencial para adequar a feira. Só para reformar as partes elétrica se hidráulica está previsto o custo de R$ 1 milhão. Segundo Haddad, todos que estiverem cadastrados na feira vão voltar para o espaço logo que acabar a reforma.

"A feira não tem equipamentos contra incêndio, os hidrantes não têm mangueira do tamanho correto, extintores não funcionam", disse o promotor César Dario Mariano da Silva, que pediu o fechamento. Ele diz que há alta concentração de materiais inflamáveis no espaço.

"Se acontecesse qualquer tipo de incêndio ali, o que vimos no Sul seria brincadeirinha de criança, seria uma catástrofe inimaginável", afirmou, em referência ao incêndio na boate Kiss, que matou 241 pessoas em Santa Maria (RS), em janeiro passado.

A prefeitura fará uma campanha nas rádios de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal para anunciar o fechamento temporário da Feira da Madrugada. Também serão distribuídos avisos nos postos de pedágio em direção a São Paulo. A partir de hoje, os motoristas de ônibus vão receber comunicados da feira.

Eduardo Anizelli - 21.set.12/Folhapress
Movimentação na Feira da Madrugada, na região central de São Paulo; prefeitura confirma fechamento
Movimentação na Feira da Madrugada, na região central de São Paulo; prefeitura confirma fechamento

CORRUPÇÃO

Em 2011, uma investigação constatou esquemas de corrupção dentro da feira. Boxes eram vendidos por até R$ 500 mil, segundo a Polícia Civil.

O ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) chegou a fechar a feira para cadastrar todos os comerciantes que trabalhavam ali --havia 6.000 boxes.

Após o cadastramento, restaram cerca de 3.500 boxes. Porém, muitos dos que foram retirados por falta de documentação conseguiram voltar por meio de liminar na Justiça.

A prefeitura diz que "compôs um grupo de trabalho para estudar e organizar os procedimentos necessários para garantir a segurança do centro de compras e executar a ordem de fechamento".

A Folha apurou que nos últimos dois dias integrantes da prefeitura e da Polícia Militar se reuniram para estudar formas de uma remoção pacífica dos trabalhadores.

Uma campanha deve ser feita em veículos de comunicação para informar os frequentadores sobre o fechamento da feira, que recebe clientes de vários Estados.

Em novembro passado, a prefeitura anunciou que construiria ali um shopping popular com hotéis no entorno.


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