Folha de S. Paulo


Polícia investiga formação de quadrilha em mortes em hospital do PR

A Polícia Civil do Paraná investiga indícios de que várias pessoas estejam envolvidas em casos de mortes suspeitas de pacientes do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, onde trabalhava a chefe da UTI, presa na terça-feira (19).

Médica é presa sob suspeita de provocar mortes de pacientes no PR

Há indícios de que pacientes do SUS (Serviço Único de Saúde) tenham sido mortos como forma de "liberar" vagas na UTI para pacientes que pagariam pelo serviço, disse nesta quarta-feira o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto. O hospital filantrópico atende pacientes do SUS e privados.

Segundo Michelotto, serão analisadas todas as mortes ocorridas no hospital nos últimos sete anos, tempo em que a UTI foi chefiada pela médica Virgínia Helena Soares Souza, presa em caráter temporário sob suspeita de provocar a morte de internados no hospital.

Todos os funcionários da UTI do hospital serão investigados.

A polícia trabalha com a hipótese de homicídio doloso qualificado, já que a suspeita é que as ações eram feitas sem o conhecimento das famílias. Inicialmente, havia sido aventada a possibilidade de a médica ter praticado eutanásia a pedido de familiares.

"Há indício de materialidade e autoria na prática de crime de homicídio. Não é eutanásia", disse Michelotto.

"Existem indícios de autoria e materialidade [contra a médica] e obviamente ela não fazia isso sozinha. Outras pessoas estão sendo investigadas. Todas as pessoas que trabalhavam na UTI serão investigadas", afirmou ele.

As investigações de denúncias contra médicos do Hospital Evangélico ocorriam há mais de um ano.

OUTRO LADO

O advogado da médica, Elias Mattar Assad, disse que não há provas no inquérito contra sua cliente e criticou o que chamou de "inversão do processo".

"A prisão é feita por último, com todas as provas. Aqui houve uma inversão perigosa", alega.

Assad afirmou ainda que a médica está tranquila e que considera sua prisão um equívoco. Ele deve pedir a liberdade dela nos próximos dias, após analisar o inquérito.


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